VIAGEM...
Não sei em que dia, ou noite,
cheguei ao topo do mundo...
Dormira o sono profundo
de quem fora del`se acoite
e, quando acordo, este açoite
dum espanto mais que fecundo!
Roída a dor - ou surpresa? -
da coisa por conhecer,
rói-me a mim, quase a doer,
esta (in)grata, mas coesa,
sensação de, estando presa,
poder voar, se o quiser...
E vôo, mantendo os pés
bem firmes neste meu espaço...
Vejo, pedaço a pedaço,
o mundo, de lés a lés!
Viajo dentro de mim,
mas, sempre que vôo assim,
tenho a força das marés...
Lá do fundo, um chão qualquer
que nunca dantes olhara,
não vendo a dor que me vara,
vem compelir-me a descer...
Não tendo nada a perder,
recuso... viro-lhe a cara!
Maria João Brito de Sousa - 01.09.2016 - 18.21h