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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

VERÃO - Joaquim Sustelo e eu - Reedição

10.03.23 | Maria João Brito de Sousa

verão.jpg

VERÃO
*

 

O verão, estação mais quente,
Despediu a primavera.
Já se estava dele à espera
Eis que surge, sorridente!
Ninguém fica indiferente
Aos campos, praias e mar
Com espaços a abarrotar,
De carros e de pessoas!
O verão de coisas boas
Que o outono há de levar...
*

 

Joaquim Sustelo

*

 

Décimas Glosadas
*

I

 

Calor? Não me mete medo,

Nem me faz ficar doente

Como o frio que, de repente,

Desde manhãzinha cedo

Me enregela - que degredo... -

Inda além do Sol poente!

Prefiro este Sol ardente,

Disso não farei segredo

Se invoco - porque antecedo... -

"O Verão, estação mais quente"!
*

 

II

 

Menos dor, mais liberdade,

Menos roupa, mais quimera...

Ai, afinal, quem me dera

Que, tal qual minha vontade,

Eu, com mais mobilidade,

Corresse que nem pantera

Quando um pé por outro espera

Uma quase eternidade...

O Verão porém, na verdade,

"Despediu a Primavera"
*

III

 

Veio estrear-se em beleza

Sob um sol que é rubra esfera

E todo em brilhos se esmera

Neste céu côr de turquesa,

Tal qual chama muito acesa

Que, num crescendo, pondera

Gerar seca bem severa,

Tal a sua natureza...

Mas não digam que é surpresa,

"Já se estava dele à espera"
*

IV

 

Não parece, por enquanto,

Mas quem seja previdente

Sabe que um Verão muito quente

Pode perder o encanto

E acender-se em chamas, tanto,

Que uma floresta inocente

Arda e fique incandescente

Perdendo o seu verde manto

Neste V`rão que, no entanto,

"Eis que surge sorridente!"
*

 

V

 

Sempre que arda uma floresta,

Perde toda, toda a gente...

Numa vila, mesmo em frente,

- lugar de gente modesta... -

Há sempre alguém que se apresta

A apagar a chama ardente

Pois, tanta vez impotente

Face a essa imensa besta,

Vendo o próprio inferno em festa,

"Ninguém fica indiferente",

*

 

VI

 

Por outro lado, consola

Ver o V`rão a despontar,

Com crianças a brincar

- porque já não têm escola...-,

Umas a jogar à bola,

Outras na praia a nadar

Sem terem de carregar

A sempiterna sacola

Pois não vão tinta, nem cola,

"Aos campos, praias e mar"...

*

VII

 

Faz-se a festa no campismo,

Pois sempre há-de haver lugar

Pr`a se poder acampar

- outra forma de turismo,

bem contrária ao comodismo

de nalgum hotel ficar... -

Numa mata, ou junto ao mar,

Conforme o dite o lirismo

Contra o duro fatalismo

"De espaços a abarrotar"...

*

 

VIII

 

 

Pois há quem nunca desista,

Nem pare de tecer loas,

Não a barcos e canoas,

Mas ao "espírito campista"

E ao campismo vanguardista

Que - juram! - são coisas boas,

Mas que - sei que me perdoas

Pois não sou malabarista... -

Mais parece imensa pista

"De carros e de pessoas!"

*

 

IX

 

Na minha casa - meu espaço... -,

Por mais que tu te condoas

Podem-me ir faltando c`roas*,

Ir-me sobrando o cansaço,

Mas é daqui que eu te traço

Poemas - nem sempre loas... -

Pra ti, pra mais mil pessoas

Que cuidem disto que faço

E encontrem, no seu regaço,

"O Verão de coisas boas"

*

 

X

 

Tudo, porém, tem seu fim

Neste mundo milenar

Que é mera esfera a girar

Sem esperar por ti, por mim,

Ou por quem nem pense assim...

Amigo, é de aproveitar

Pois não veio pra ficar

E o V`rão, neste jardim,

É tal qual como um jasmim

"Que o Outono há-de levar..."

*

 

Maria João Brito de Sousa

21.06.2016 - 16.59h

*

In Antologia Horizontes da Poesia VIII, Euedito, 2016

***

 

 

 

 

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