VARIAÇÕES SOBRE O TEMA "UMA CASA PORTUGUESA" - Décimas
Nascem selvagens, libertos,
Vindos de coisa nenhuma
Com asas feitas de espuma,
Nos momentos mais incertos
E, se engendram desconcertos,
Trazem razões que, uma a uma,
Vão dissipando esta bruma
Pr`a deixar-nos bem despertos
Pois, se de razões cobertos,
Quem nos seus versos se assuma
E com muitos os reparta
Sobre mesa igualitária
Sem intenção mercenária,
Tirará, da mesa farta,
Quanto o tirano descarta,
Numa ânsia totalitária
De refeição bem mais vária…
E, venha Zé, venha Marta,
Venha “encartado”, ou “sem carta”,
Que a festa é mais necessária
Do que muita gente pensa
Quando não falta na mesa,
Do poema, a clara franqueza
Que a comunhão torna imensa
Pois, mesmo tendo pertença,
Traga alegria ou tristeza,
Nunca é fútil nem burguesa
Porque em si própria condensa
Quanto um povo não dispensa
Se a casa for… portuguesa!
Maria João Brito de Sousa – 12.03.2014 – 17.27h