UM POUCO POR TODA A PARTE
Tela de Paula Rego enviada para a minha caixa de corrreio
por Pinterest
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UM POUCO POR TODA A PARTE
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Um pouco por toda a parte
Cresce a loucura do mundo
E vai a mil por segundo
Crescendo em engenho e arte,
Embora dela me farte
A cada dia que passa
A vejo fortalecida
E, tão real quanto a vida,
Quem vê nela uma ameaça
Se vem de graça vestida?
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II
A todos vai enganando
Porque se veste de fada,
E é ela própria enganada
Pelo que vai proclamando
Sobre as razões dos humanos
E sobre as suas fraquezas
Pois serve as causas burguesas
C`o arcabuz de dois canos
Que traz oculto nos planos
Dos ataques ou defesas...
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III
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Verbosidade tamanha,
Traz esta nova loucura
Que a si própria se esconjura
E é, de si mesma, uma estranha
Que hora a hora se transmuta
Naquilo que diz ter sido,
Mudando a cor do tecido
Do seu fatinho de luta:
Diz lutar com força bruta
P´lo que afinal quer banido!
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IV
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Se afirma ser contra a guerra,
Continua a alimentá-la
E na parede da sala
Pendura um mapa da Terra
No qual "punaises" dourados
Vão marcando o ponto certo
Em que ela virou deserto
Depois de ums mísseis lançados
Sobre os pontinhos marcados
De que o mapa está coberto
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V
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E rende! A loucura rende
Muito mais que o que pensamos:
Enchem-se os bolsos dos amos
Do que a loucura nos vende
Sempre que nos surpreende
E exige o que não lhe damos...
Mas se formos na cantiga
De enlouquecermos também
Passa a loucura a ser mãe
Do louco que em nós se abriga.
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Mª João Brito de Sousa
09.10.2023 - 21.45h
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