UM MOMENTO DE PESSIMISMO... OU TALVEZ NÃO:
UM MOMENTO DE PESSIMISMO... OU TALVEZ NÃO.
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(Décimas)
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Num só dia, ao meio-dia,
Morrem mil ou mais de mil...
O monstro, no seu covil,
Infectando o que podia,
Alimenta a pandemia...
Nem sequer respeita Abril
A pestilência subtil
Que nos deixa em agonia,
Sem trabalho ou garantia
De um porvir menos que vil!
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Ao longe, lá muito ao fundo,
Vemos a grande Ceifeira
Ceifando uma vida inteira
Em bem menos de um segundo...
Estará condenado, o mundo?
Chega a nós, de nós se abeira
De alguma estranha maneira,
O cheiro nauseabundo
De algo putrefacto, imundo...
É um “cheiro” que não cheira,
*
Que se intui, que se pressente
E que, depois, se deduz...
Veja-se um ponto de pus
Sobre a escara de um doente;
A princípio nem o sente,
Mas depressa se traduz
Numa infecção que o reduz
A ficar mais dependente...
Temo bem que um mal latente
Venha atrás do que hoje é luz!
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Maria João Brito de Sousa – 02.04.2020 – 14.00h
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