TRÊS DÉCIMAS A UMA SEDE SEM PREÇO, NEM REMÉDIO
TRÊS DÉCIMAS A UMA SEDE SEM PREÇO, NEM REMÉDIO
*
A sede que os homens sentem
da sede de terem sede,
não tem fim, ninguém a mede,
por muito que muitos tentem
medi-la enquanto desmentem
a grandeza que os impede
de a prenderem numa rede;
por mais invenções que inventem,
por mais malhas que os sustentem,
nunca essa sede o concede!
*
Outras sedes, no entanto,
poderão ser governáveis
e até quantificáveis
sem causar-nos grande espanto;
umas, nem terão encanto,
outras, sendo cobiçáveis
ainda que vulneráveis,
ficam quedas no seu canto,
pra agarrá-las basta um manto
de ondas, das sintonizáveis,
*
Mas para a esta matar,
se sede de sede for,
não há melhor, nem pior,
nunca nada a fez parar,
não se pode avaliar
e nem mesmo um ditador
consegue tê-la ao dispor
para a poder dominar,
nem prá vender ou comprar
por nenhum, nenhum valor!
*
Maria João Brito de Sousa - 04.09.2018 -22.04h