TODA ME PERCO DE MIM
TODA ME PERCO DE MIM
(Décimas)
I
Só vejo sombras e vultos
Por trás de coisa nenhuma...
São versos feitos de espuma,
Enevoados, ocultos,
Confusos como tumultos,
Lançando por entre a bruma
Palavras que, uma por uma,
Zombam de mim, como insultos,
Ou dos meus olhos tão estultos
Que me exigem que os assuma.
*
II
Se eu sempre escrevera assim,
Usando os cinco sentidos,
Hoje, de versos perdidos,
Toda eu me perco de mim,
Que o poema é um jardim
Que exige os passos devidos;
Versos, só vistos e ouvidos
Porque só brotam assim
Se o corpo, ao dizer que sim,
Mos der por bem concebidos.
*
Maria João Brito de Sousa – 24.11.2019 – 12.10h
Imagem retirada da net, via Google