01.12.23 | Maria João Brito de Sousa |
DAR-TE-IA O MEU, SE PUDESSE... * Dar-te-ia o meu se pudesse Mas o meu, de tão estragado, Não serve nem pra ser dado A quem precisa e merece E se tão bem te conhece Não pode ficar calado A pulsar desgovernado Enquanto o teu desfalece... Dar-te-ia o meu, mas parece N (...)
09.10.23 | Maria João Brito de Sousa |
Tela de Paula Rego enviada para a minha caixa de corrreio por Pinterest * UM POUCO POR TODA A PARTE * Um pouco por toda a parte Cresce a loucura do mundo E vai a mil por segundo Crescendo em engenho e arte, Embora dela me farte A cada dia que passa A vejo fortalecida E, (...)
25.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
A PRIMEIRA CAMINHADA DO POETA * I * Percorreu o mundo inteiro quando este mundo era, ainda, uma selva agreste, infinda: Caiu em muito atoleiro, perdeu pé quando o ribeiro que atravessava, na vinda de uma vila amena e linda, num repente traiçoeiro transbordou do seu carreiro... (...)
18.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
DANDO UM ROSTO À VOZ QUE TENHO * I * Que coisa fiz, ou não fiz, Que às coisas que tenho feito Juntasse nódoa ou defeito Ou dissesse o que eu não quis? Do que o bom senso me diz, Repito aquilo que aceito: Estar e ser deste meu jeito É que me torna feliz Mesmo ferindo (...)
17.05.23 | Maria João Brito de Sousa |
SOBRAS... * Sobra a cinza do cigarro e alguns nós dados à pressa na corda onde recomeça esta vida a que me agarro: poeta com pés de barro que a toda a hora tropeça, sobre-me, embora, a cabeça, nestes pés sempre me esbarro e, hora após hora, me amarro aos fios que (...)
27.04.23 | Maria João Brito de Sousa |
AOS QUE SE ACENDEM NA LUTA * Aos que se acendem na luta, Aos que se apagam na fome, Aos que vão morrendo em nome De uns reais filhos da puta Que lhes roubam, da labuta, Quanto lucro os engordou, Lá, onde o lucro os cegou E onde a garra do poder Que não pára de crescer Cruament (...)
04.04.23 | Maria João Brito de Sousa |
PESCARIA(S) * I Lanço a fateixa. A jangada Estremece e fica parada No meu mar de beira rio E à rede, já remendada, Lanço-a à água... é tudo ou nada, Que trago o bote vazio: Venha atum, raia ou safio, Quando a malha for puxada E outro mar de água salgada Dela (...)
26.03.23 | Maria João Brito de Sousa |
Charneca Alentejana - Tela de Silva Porto EU, LUGAR ERMO E SELVAGEM * (Décimas) Juro ser, as mais das vezes, Um lugar ermo e selvagem! Aos olhos, serei paisagem, Fruto de uns milhões de meses Que, alheios a tais revezes, Vão sendo postos à margem Por quem presta (...)
15.03.23 | Maria João Brito de Sousa |
COM DEFEITO DE FABRICO * Sou bicho mal acabado Com defeito de fabrico... Muito me esforço e me estico Pr`aguentar, deste legado, O estrago e o peso pesado Que contudo não critico: Estou neste “fico, não fico” Que me vem desde um passado Há muito tempo traçado P (...)
22.01.22 | Maria João Brito de Sousa |
MOTE * Dá-me um sorriso ao domingo, Para à segunda eu lembrar. Bem sabes: sempre te sigo E não é preciso andar * Fernando Pessoa. *** GLOSAS * CONVERSANDO COM MORFEU I * Acendeste uma fogueira Que eu ora atiço, ora extingo... Rola a cera, pingo a pingo, Duma vela (...)