Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

RAZÕES PARA...

02.04.25 | Maria João Brito de Sousa

Cravo de Daniel Filipe Rodrigues (1).jpg

"Cravo" de Daniel Filipe Rodrigues

*

RAZÕES PARA UMA BOA AUSCULTAÇÃO

DA MISÉRIA SOCIAL ENDÉMICA
*


Com quantas lágrimas verte,

Com quanta dor te arrebanha,

Te aborda e depois se entranha,

Vem a miséria que, ao ver-te,

Te condena, te perverte,

Faz de ti farrapo humano,

Te lança no desengano,

Te desgraça, te desdenha,

Te transforma em coisa estranha

Pr`a melhor poder perder-te!

Vem, quando menos sonhavas,

Infiltrar-se, sorrateira,

Estudando a melhor maneira

De açambarcar quanto amavas,

De negar-te o que aspiravas,

De minar-te a resistência

Quando, com estranha insistência,

Te obriga a ser quem não queres,

Desmentindo o que disseres

Pra tomar-te a dianteira…

Muito poucos voltarão

A dar-te o valor que tens,

Que ela não rouba só bens,

Muda, inteira, a condição

E, além de roubar-te o pão,

Coloca-te uma etiqueta

Das que abundam na sarjeta

Dos humanos preconceitos

Onde alguns poucos eleitos

Encontram fama e razão…

Quanto mais dúbia, mais duro

Se torna o jugo que impôs

Sobre a voz da tua voz

Quando aperta, furo a furo,

O cinto com que o esconjuro

Te abraçou nesse momento

Em que, sem outro argumento,

Te afastou de quanto amaste

E logo, em claro contraste,

Te impôs seu próprio futuro

Pois assim que essa armadilha

Por elites preparada,

Tão fatal, tão bem estudada,

Que nem a própria partilha

Bloqueia os rumos que trilha,

Se estende tão triunfante,

Como se fora um gigante

De bocarra escancarada

Cravando, pela calada,

A dentuça acutilante,

E, munida das mil manhas

Que tem escondidas na manga,

Faz, do amigo, um seu capanga

Com duas ou três patranhas

De opacidades tão estranhas

Que, nas malhas enrededado,

Já nem sabes pra que lado

Te empurra essa dura canga:

Se prá fome ou se prá tanga

De quem, de homem, fez coitado.
*


Maria João Brito de Sousa

15.11.2013 – 14.47h
***

Reedição
*

10 comentários

Comentar post