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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

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O PRIMEIRO ESPINHO

04.09.17 | Maria João Brito de Sousa

 

 

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I

 

O menino não dormia,

Gemia muito baixinho

Esperando, no seu escaninho,

Que rompesse um novo dia.

 

Teimosa, a chuva caía

Num compasso miudinho;

Era a hora do soninho,

Mas nenhum sono surgia

 

E a noite era uma agonia

Roendo, devagarinho,

Esse menino sozinho

 

Que eu nunca mais esqueceria

De ter visto, em noite fria,

Fazer de um canteiro um ninho...

 

II

 

Num impulso de carinho

Que eu, menina, lhe devia,

Perguntei-lhe se podia

Sentar-me no seu cantinho,

 

Conversar um bocadinho,

Perguntar porque gemia

E até dar-lhe uma fatia

Do meu pão. Tão poucochinho!

 

Mas, assim, pelo caminho,

Nada mais encontraria...

(para mim mesma dizia)

 

Dei-lhe o pão todo inteirinho

E afastei-me de mansinho

Sem sequer ver que o comia,

 

III

 

Que, de súbito, sorria

Apesar do frio. Que linho

Lhe cobriria o corpinho?

Que chama o aqueceria?

 

 

Caminhando, reflectia

Sobre a vida e o pobrezinho

Tão pequeno, tão magrinho...

Da reflexão me nascia

 

Algo que hoje me arrepia,

Algo amargo, algo daninho

Sobre “sorte” e descaminho;

 

O que era que em mim crescia

E de amargura me enchia?

Era o meu primeiro espinho.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 03.09.2017 – 19.17h

 

(Reservados os direitos de autor)

 

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