O ALMOÇO
Minh`alma, tal qual borralho,
quando entendo pô-la à prova,
toda brilha e se renova;
cresce a chama em cada galho,
dando-me a saber que valho
quanto valha a minha trova
sempre que em rimas me mova
dedicando-lhes trabalho...
nisto, raramente eu falho
e, hoje, afasta-me da cova.
Sendo tal como eu dizia,
Minh`alma – ou seja o que for... -,
Polarizadando-se em cor,
recarrega a bateria,
fica atenta à melodia
da vida em seu derredor
e transmite-me o melhor
do que engendra essa energia;
tanto à dor, quanto à alegria,
dá todo um novo sabor...
Minh`alma/tranquilidade
já desbravou matagais
de conjunturas banais
que, em busca de uma verdade,
perderam simplicidade
ao cair nos rituais
das vestes ornamentais
que transpiram falsidade;
a sua imensa vontade
dispensa ornamentos tais,
Mas exulta, engalanada,
se um simples versito a prende...
Alma, eu sei, ninguém te entende;
cantas por tudo e por nada
e, mesmo estando cansada,
sorris quando alguém te estende
um olhar que te apreende
a cadência sincopada...
bem te vejo, iluminada
pela chama em que te acende...
Terás – sei-o! - os teus defeitos
pois, como eu, de carne e osso,
não podes mais do que eu posso
contra humanos preconceitos
mas... das normas, dos preceitos...
visa o fruto, aplaina o fosso,
separa polpa e caroço,
saboreia... são confeitos!
Não será dos mais perfeitos,
mas... conquistaste este almoço!
Maria João Brito de Sousa – 27.04.2015 – 17.07h
Nota – Estas cinco décimas foram manuscritas na sala de espera do CSO. Registo porque há muitos meses que não manuscrevo uma única estrofe.