NO ENTANTO, MOVO-ME!
NO ENTANTO... MOVO-ME!
*
Sou a “cidadã do mundo”
Que de casa menos sai,
Mas posso, em menos de um ”ai”,
Ir de Oeiras ao Dafundo!
Imaginário fecundo
Não me falta, nem se vai
Lentamente, cai-não-cai,
Desgastando, moribundo
E garanto; num segundo
Ponho-me em Roma, ou Xangai!
*
Conheço bem o planeta
Pois com enorme atenção,
Eu e Júlio*, num balão,
O visitámos! Cometa?
Cresceu-me um, numa saleta
Destinada a habitação
E, se nada nasce em vão,
Foi nel` que me fiz poeta
Pois mesmo a coisa obsoleta
Há-de ter sua razão
*
E, melhor que um avião,
Meu avô, numa “veneta”,
Levou-me do que era “treta”
Ao que foi grande invenção;
Falou-me de evolução
Com palavras de profeta...
Eu deixei de ser só neta,
Cresci, fiz a minha opção
E cheguei à conclusão
De que a recta, nunca é recta,
*
Tudo é perspectiva e meta,
Tudo sofre distorção;
Cada humana opinião
É mais ou menos concreta,
Mas outra emerge, indiscreta,
E ocorre a contradição...
Sempre há movimentação
Sobre quanto se projecta,
Nunca nada se completa,
Tudo está sempre em expansão!
*
Maria João Brito de Sousa – 11.08.2017 – 13.54h
* Júlio – Jules Verne, escritor francês -1828/1905