DITANDO A SORTE DOS ASTROS
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DITANDO A SORTE DOS ASTROS
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Ditam os astros altivos
Sentenças sobre os mortais
Que ainda se encontram vivos
E disso lhes dão sinais
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Dizendo estarmos cativos
Dos seus altos pedestais,
Prometendo lenitivos
Pràs frustações mais banais
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Eu, que os astros sempre escuto
De uma maneira dif`rente,
A tais predicções refuto!
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Que sabe um astro da gente?
Ou de mim que me reputo
De céptica e de coerente?
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II
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Não, não faço futurismo
Sobre vós, corpos astrais,
Quando até um mero sismo
Pressinto tarde demais...
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Sei, contudo, astros reais:
Caminhais pró mesmo abismo
Que para nós preparais...
E também c`o vosso eu cismo
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Porque morrereis um dia,
Como nós, tendes um prazo
E, no estertor da agonia,
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Nesse derradeiro ocaso
Que nenhum de vós previa,
Do que escrevo fareis caso...
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III
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Não precisei, velhos astros,
De lançar búzios, ler cartas,
Nem de andar por altos castros
Que disso já eu estou farta
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E se, em tempos, galguei mastros,
Hoje a velhice descarta
Subidas, pois trago lastros
E rastejo qual lagarta
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Seja o que for, pra vós escrevo
Neste dia em que o Sol brilha
Sem cobrar quanto lhe devo
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E não sei se mãe, se filha
Sou do Sol que, com enlevo,
Me embrulha em sua mantilha
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Mª João Brito de Sousa
11.12.2024 - 16.45h
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