CRUPE, MALVADO CRUPE!
CIÊNCIA E CARIDADE - Tela de Pablo Picasso
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CRUPE, MALVADO CRUPE!
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Escrevo estes versos pra quem
De Crupe tenha sofrido
E, tendo sobrevivido,
Saiba como fica alguém
Que quer ar e que ar não tem...
Tive um a noite passada
E julguei que, desta vez,
Morreria da escassez
Do ar de que fui privada...
Em vão tentava inspirar:
Mal à garganta chegava,
Logo nela o ar estacava
Em vez de por lá passar...
Foram segundos? Minutos?
Foi tempo suficiente
Pra dele eu ficar temente
E, em termos absolutos,
Jurar que hoje não me deito,
Nem me recosto, sequer!
Se amanhã por cá estiver
Vos direi qual o efeito
Da directa programada
A que me vou submeter:
Assim, se o Crupe vier,
Vai dar comigo acordada
Com o vapor d`água à mão
E c´o uso da razão
Qu`inda me não foi negada...
Decerto o vou combater
Muito mais eficazmente
Do que ontem, inconsciente,
A sonhar, sem o prever...
Não, Crupe, hoje não me apanhas
Desprevenida, a dormir!
Hoje, mal eu pressentir
Que na laringe te entranhas,
Com vapor de água te ataco,
Será de pé que te enfrento...
Talvez não vença, mas tento
Deixar-te feito num caco
Enquanto de ti me escapo
E preservo o meu alento!
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Mª João Brito de Sousa
18.11.2024 - 01.40h
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Crupe= Laringotraqueobronquite,
doença muito mais típica dos bebés e crianças até aos três anos,
mas que, pelos vistos, também pode declarar-se em
septuagenárias com o sistema imunitário deprimido
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