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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

CAMINHADA - Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa

27.03.25 | Maria João Brito de Sousa

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Imagem Pinterest

*

CAMINHADA
*

1.
*

Passa a água fica a pedra

À espera e a sorrir

Com a cara bem lavada

O dia à volta a florir

Calmo cabrito que medra

Com a erva encontrada

Tudo ali uma beleza

Água, flores, a natureza
*

 

É tão bom vir passear

Junto ao rio e suas margens

Sem ter nada que fazer

Ver estas lindas imagens

Moças lindas a passar

Eu com meus olhos a ver

E com gosto e alegria

Neste belo e claro dia
*

 

As mágoas não penso nelas

Andar não me dá cansaço

Com este sol radioso

E abertura de espaço

Amplas e largas janelas

Sobre vale tão formoso

E a água sempre a andar

Sempre, sempre até ao mar
*

 

Também nós em cada dia

Mais um passo se sucede

A caminho do destino

Vereda que não impede

De se ter muita alegria

Desde o tempo de menino

Vida, vida continua

Para eu andar na rua
*

 

As palavras encontradas

Em continuas caminhadas
*

 

Custódio Montes

20.3.2025
***
2.
*


Num andarilho com rodas

No qual me possa apoiar

Ainda dou alguns passos

Muito embora devagar...

Ó corpo, se te denodas

E vences os teus cansaços,

Talvez vás da sala ao quarto

Sem mais dor do que a dum parto
*

 

Mas às belas caminhadas,

Não voltarás, alma minha,

Pois no estado a que chegaste

Só sentada em cadeirinha

Com as pernas levantadas,

Não vá matar-te o desgaste

Porque a maleita te mina

E tu já não és menina...
*

 

Mas em si, meu qu`rido amigo,

Não entra mazela alguma

E o Tempo passa-lhe ao lado

Já qu`inda maneja a pluma

Como alguém que traz consigo,

Desde a nascença, esse fado...

Pudesse eu seguir-lhe o passo

Sem tropeços nem cansaço...
*


Usarei estes seus versos

Como bengalas... Talvez

Possa ainda caminhar

Pela serra do Gerês

Ou pelos prados dispersos

Que no caminho encontrar

Nesta viagem fictícia

Que é, pra mim, uma delícia
*


Com tropeço ou sem tropeço,

Por seus versos lhe agradeço.
*


Mª João Brito de Sousa

22.03.2025
***

3.
*

 

A pensar que ia sozinho

Nesta minha caminhada

Aqui à beira do rio

Segue-me uma camarada

Devagar, devagarinho

A fazer-me desafio

E então que hei-de fazer?

Tenho que lhe responder
*

 

Diz-me que não pode andar

Mas vejam o que ela fez

Para fazer companhia

Diz ir até ao Gerês

Mas só a imaginar

Mas dá-me muita alegria

Por tê-la por companheira

Mesmo só dessa maneira
*

 

Vem de longe, lá de Oeiras

Mas muita pressa não traga

Para poder descansar

Bebe um copo aqui em Braga

Assamos umas alheiras

E podemos conversar

Uma vez e outra vez

Antes de ir para o Gerês
*

 

Ou então, se preferir

Não vamos logo embora

Ficamos o dia inteiro

E durante essa demora

Nós os dois podemos ir

À senhora do Sameiro

E se ainda fizer luz

Descemos ao Bom Jesus
*

 

Por cá há muita imagem

E vai gostar da viagem
*

 

Custódio Montes

23.3.2025
***

4.
*

Se eu aí chegar inteira

(quase acredito que sim...)

Andarei sempre a seu lado...

Nunca se afaste de mim

Não vá uma ribanceira

Pôr fim ao meu novo fado!

Inda que quase me arraste

Não há quem daqui me afaste!
*


Chegarei toda ensopada

(já o estou neste momento)

E, de alto a baixo, dorida

Pois chicoteia-me o vento

Com a fúria da rajada

Que vem com força incontida:

Dá-me um pouco de descanso,

Vento meu, sopra de manso...
*


Perdida a noção do espaço

Até aqui percorrido,

Já não sei se muito ou pouco

Nem sequer em que sentido

Caminha este corpo lasso...

Só sei que o vento está mouco,

Não ouve ou não quer ouvir

O que lhe estou a pedir...
*


Talvez se eu gritar bem alto

O vento me dê ouvidos...

Já lancei um grito vão

E mais três foram perdidos

Ou mos tomou el` de assalto

Sem pudor nem compaixão...

Mas desistir, não desisto:

Avanço, portanto existo!
*


Com vontade e alguma sorte

Caminharei rumo ao Norte!
*


Mª João Brito de Sousa

23.03.2025
***

5.
*

 

Venha, venha para o norte

Onde nasceu Portugal

De rei que bateu na mãe

Por se ter portado mal

Ao juntar-se com consorte

E dar-lhe o reino também

É traidora, não te fiques

Chega-lhe Afonso Henriques
*

 

Nasceu assim o país

E para o sul se espalhou

À procura de tesouros

E a Oeiras chegou

Onde agora é feliz

(…Depois de bater os mouros…)

Local de muita alegria

Onde há mar e poesia
*

 

Cá no Norte é bem mais frio

Mas alegre este cantinho

Onde tudo é beleza

Como o folclore do Minho

Com danças cheias de brio

Há cozido à portuguesa

Com boas águas e fontes

Nas terras de trás—os-montes
*

 

Mas em Braga, onde moro

A comida é muito boa

Toda a gente come e bisa

Mais barata que em Lisboa.

Um dos prato que eu adoro

É bacalhau à Narcisa

Comerá até fartar

E seus males vai curar
*

 

Se vier aqui ao Minho

É tratada com carinho
*

 

Custódio Montes

24.3.2025
***

6.
*
Vou indo, amigo, vou indo...

Já galguei meio caminho

E se não estou enganada

Em breve estarei no Minho

Dando o percurso por findo

Quando a meta for cortada...

Estou, amigo, que não posso

Mover um único osso!
*


Não tivesse eu de dar voltas

E mais voltas pr`alcançar

O meu amigo poeta,

Menos teria de andar...

Se juntar as pontas soltas

Obtenho uma linha recta?

Estou a cair da tripeça

Mas, de andar, ninguém me impeça!
*


Devo ter deixado a Musa

Na consulta de enfermagem...

Ou foi no laboratório?

Paciência, faço a viagem

Mesmo sentindo-me obtusa

Sem Musa nem repertório

E a sentir-me receosa

De as rimas trocar por prosa...
*


Mais uns passos. Vá, coragem!

Estes auto-incentivos

Vão soar-lhe caricatos

Foi, porém, por bons motivos

Que os usei nesta passagem

Cheia de pedras e matos...

Vai sendo extrema, a fadiga,

Mas, coragem, rapariga
*


Que às raparigas velhotas

Chamam-lhes, os jovens, cotas...
*

Mª João Brito de Sousa

24.03.2025
***

7.
*

 

Chamam cotas sem saber

Que o fazem sem sinais

De respeitar o vizinho

Há algumas doutorais

Que têm muito poder

De lhes mostrar o caminho

Não acertam, infelizes

Que são uns maus aprendizes
*

 

Tivessem educação

E baixassem as orelhas

Tinham muito a ganhar

Viam que muitas das velhas

Têm muita informação

Para os poder ensinar

Nesta longa caminhada

Mas eles não sabem nada
*

 

Vir até Braga de Oeiras

Requer um voo pensado

Com muita arte e magia

Um percurso imaginado

E sem ter muitas canseiras

Mas com arte e poesia

Mas devem todos saber

Que só voa quem souber
*

 


Que ter asas como a ave

Não é para toda a gente

Nem para rapaziada

Com falar tão indecente

Isso é só para quem sabe

Fazer esta caminhada

É melhor não lhes ligar

São garotos a asnear
*


Cá a espero pelo Minho

Boa sorte no caminho
*


Custódio Montes

25.3.2025
***

8.
*

Estou pr`aqui numa aflição

pois não sei onde arrumei

Um certo medicamento...

As voltas que pr`aqui dei

Tornaram-me o passo lento

E apressado o coração...

O pior é se olho em volta

E encontro o diabo à solta...
*


Mas fique o demo tranquilo

Lá no espaço imaginário

Onde o fomos inventar:

Vou em sentido contrário,

Não o quero incomodar,

Nem irei pedir-lhe asilo...

Era só o que faltava,

Sentar-me entre enxofre e lava!
*


Prossigo embora o dever

Me vá chamando à razão

Que quer que eu volte pra trás

Porque, sem medicação,

Fico mais cansada e... zás!

Corro o risco de morrer!

Onde será que arrumei

As pastilhas que comprei?
*


Ai, que agora está na hora

De injectar a insulina

Na minha velha Mistral,

A minha amiga felina

Que há onz`anos aqui mora

E que, agora, está tão mal...

Se me esqueço ou se me engano,

Não me dura mais um ano...
*


Penso, escrevo e, de repente,

Tenho o Minho à minha frente!
*


Mª João Brito de Sousa

25.03.2025
***

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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