BEM ME CALHAS, MAL ME FALHAS!
BEM ME CALHAS, MAL ME FALHAS!
I
*
Bem me calhas, se não falhas!
Se de ti não vir sinais,
Vão-se-me os sonhos reais
E não sei viver de tralhas,
Por isso vê se trabalhas,
Ó Musa dos imortais,
Dos sonetos que não trais,
Do saber com que retalhas
Texturas e fios de malhas,
Desfazendo os nós finais,
*
II
*
Que os que escrevo, quais mortalhas
Cobrindo os restos mortais
Dos que não navegam mais,
Lembram-me inúteis cisalhas,
Já queimadas acendalhas,
Fogachos acidentais,
Caqueiros ornamentais,
Manta que nada agasalha
Impregnada da poalha
De uns versos mortos no cais!
*
Maria João Brito de Sousa - 19.08.2020 - 15.30h