ANEDOTA EM REDONDILHA MAIOR (ADAPTAÇÃO)
O PARDALITO E O MOTOCICLISTA
*
Certo dia, um pardalinho,
Ao passar por uma estrada,
Voou baixo, tão baixinho
Que levou uma ´panada`
De certo motociclista
Que, sem ter mau coração,
Fazia da estrada pista,
Mas logo meteu travão
Pr`acudir ao animal
Que estava em muito mau estado,
Jazendo sem dar sinal
De viver... ou estar finado.
O rapaz, com mil cuidados,
Levou o pardal pra casa,
Deu-lhe pão - feito em bocados-
E desinfetou-lhe a asa.
Demorava-se a acordar,
Por isso, amorosamente,
Na gaiola o foi deitar,
Tendo água e pão posto em frente.
Algum tempo se passou
Até que o pequeno ferido
Abrindo um olho avistou
O petisco oferecido,
Porém também viu estar preso
E ficou atrapalhado
Porque, muito embora ileso,
Sabia ter-se ´estampado`:
"Olá?! Grades, pão e água...
Que maldita sorte eu tenho,
Que dorida, imensa mágoa
Vem pesar-me como um lenho!
Grades, em torno de mim,
Desjejum de água com pão;
Vai ser bem triste o meu fim
Nesta cela de prisão,
Pois voei muito depressa
Na mira de um grão de alpista,
E - só me faltava essa! -,
Matei o motociclista!”
*
Maria João Brito de Sousa – 18.09.2018