ALTERCAÇÃO PEQUENO BURGUESA
ALTERCAÇÃO PEQUENO BURGUESA
*
Num certo dia, à tardinha,
Uma indefesa velhinha
Que tricotava à janela
Deu por bulha inusitada
E, julgando-se assaltada,
Foi ver que coisa era aquela
*
Logo ouviu grande barulho;
Alguém rondava o entulho
Que atolava aquele seu espaço
Onde cabia, à tangente,
A bicharada inocente
Que habitava o seu pedaço.
*
Chamou-lhes; - Grandes gandulos!,
E os biltres, ficando fulos,
Quiseram silenciá-la
Mas ela, a crescer pra eles,
Gritou-lhes; - Demónios reles!
E deu-lhes com a bengala...
*
Eis a crua narrativa
Duma memória bem viva
Que trago dentro de mim
E presenciei num dia
Em que malmequeres colhia
Agachada num jardim
*
Lembro ainda que os fulanos,
Passados já tantos anos
Sobre a "altercação burguesa”,
Bem recordados da cena,
Espalham à boca pequena
Que a velhinha era bem tesa…
***
Maria João Brito de Sousa – 19.04.2013 – 19.03h