A LÍNGUA, A ACUIDADE VISUAL E AS ETERNAS "GRALHAS"
A LÍNGUA, A ACUIDADE VISUAL E AS ETERNAS “GRALHAS”
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Décimas
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O poema tem funções
Que, escapando a muita gente,
Enchem a Língua vigente
De melódicas lições...
Que o diga o velho Camões
Que da Língua fez semente,
Se foi ou não pertinente
Dividi-la em orações,
Fortalecendo as noções
De uma base que a sustente.
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Sendo pai da Língua nossa,
Foi-o sem nunca o saber
Porque, se a visse crescer,
Veria quão bela moça
Se fez a língua que adoça
Nosso falar e escrever...
Cuidá-la é também dever
Que cumpro sempre que possa;
Tento não deixar-lhe mossa
Se acaso nela embater
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Por causa desta visão
De acuidade reduzida
Que me deixa dividida
Numa multiplicação
De esforços e de atenção,
Ou me torna retraída
E, às vezes, surpreendida
Por me ver na contra-mão
De uma estrada em construção
Sem entrada, nem saída.
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Maria João Brito de Sousa – 13.12.2018 – 12.06h