Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

A CEIA DO POETA II - Reedição

10.10.23 | Maria João Brito de Sousa

Pavia, in Livro de Bordo.jpg

Gravura de Manuel Ribeiro de Pavia

*

A CEIA DO POETA II
*


São cinco e meia da tarde,

Mas o Sol arde num grito

Sobre um esboço de infinito

Que espero que alguém me guarde,

Sem choros, nem grande alarde,

Sob um bloco de granito…

Espero, espero, mas… hesito,

Sabendo bem que o Sol arde,

Sei que me torno cobarde

Porque o fito ou quando o fito...
*

Como não esperar de alguém

Essa mesma hesitação,

Quando eu, tendo esta paixão,

Chego a hesitar também?

E quem sabe o que lá vem

Desta humana condição,

Quando o que trai um irmão,

Também trai o pai, a mãe,

E tudo o que lhe convém,

Sem consciência da traição?
*

Nesta tarde, às cinco e meia,

Quanto ficou por nascer

Do que alguém tentou escrever?

Quanta estrofe é mera ideia?

Nos quadris de cada aldeia,

Quanto espanto por colher?

Que rimas, das de comer,

Sobram de um poeta, à ceia?

E, se já nada o refreia,

Quem é que o pára ao morrer?
*

 

Maria João Brito de Sousa

15.04.2017 – 11.44h
***

 

 

8 comentários

Comentar post