O DIAGNÓSTICO (de rede...) POSSÍVEL...
Por tudo e nada me cai
Esta absurda ligação
Que nunca sei quando vai
Deixar-me a escrever… à mão!
Já estou gasta de a afinar,
Cansada de a ver cair,
Quase em fúria de a ligar
E à beira de desistir…
Não sei de asma padece,
Nem se sofre de enxaquecas
Pois com tantas camoecas,
Tantas Cecas, tantas Mecas,
Nem sabê-lo me esclarece!
Pode ser coisa bicuda,
Caso raro e nunca visto,
Mas, sendo teimosa, insisto
E, nada entendendo disto,
Preciso de quem me acuda
Pois, se não, fico “apeada”
Nesta luta desigual
Sem poder levar-lhe a mal
Porque a coisa é virtual
E eu posso até estar errada
No diagnóstico final
Receitando-lhe a pomada
Que lhe não serve pr`a nada
Ou que a deixe agoniada
Tornando o caso letal…
Por tudo e nada se esfuma
“Esta” que me põe na “rede”
E eu, à espera que se assuma,
Dou tudo o que ela me pede!
Dei-lhe xarope pr`á tosse,
Auscultei-a por mil vezes,
Perscrutei-lhe urina e fezes,
Mediquei-a pr`a três meses
À espera que ela se fosse,
Mas o raio da magana
Nem assim se aquietou!
De mil náuseas se queixou
E, no final, vomitou
Um pingente, em filigrana,
Cinco telas de Picasso,
Um psiché vitoriano,
Uma espingarda, sem cano,
Duas bonecas de pano
E um esfregão de palha de aço!!!
Maria João Brito de Sousa – 07.12.2012 – 15.03h