A VOZ DE CADA POEMA
Às vezes poema é voz
Com voz própria e pode, assim,
Dizer-vos bem mais de vós
Do que vos conta de mim…
Fala dos vossos anseios
E dos mil pequenos medos
Que atribuís ao receio
Dele vos revelar segredos
Cada rebelde poema,
Sem desculpa ou explicação,
Toma as rédeas do seu tema
Negando a voz da razão
Gera afectos, traz desgostos,
Guarda a surpresa que esconde
Por trás de alguns dos seus rostos
[sabe-se lá como e onde…]
Promete e dá ou não dá
Conforme bem lhe aprouver!
As mais das vezes, sei lá
O que ele diz sem eu saber…
É nas palavras-surpresa
Que, mais tarde, se revela
Vencendo a amarga incerteza
Com que se expõe sem cautela
Pois, fale do que falar,
Quase sempre exalta a voz
Que não pudermos calar
Assim que ele passar por nós
Maria João Brito de Sousa – 04.10.2011 – 11.01h