NÃO ME FALES DOS VERSOS QUE TRAZES
Não me fales dos versos que trazes
tresnoitados na ponta dos dedos,
nem dos dias que não são capazes
de ocultar-te, guardando segredos…
Não me fales se trazes mais medos!
Não me fales da força perdida
nem da dor que estrangula as gargantas,
nem da causa jamais conseguida
pelos tais amanhãs que não cantas…
Não me fales se ainda não cantas!
Não me fales no dia seguinte
que não nasce, nem deixa nascer,
nem procures o estranho requinte
dos discursos que sabes fazer…
Não me fales! Não quero saber!
Não me fales - mas podes gritar! –
do que o tempo cinzento anuncia,
nem das mãos que não vais levantar
se essas mãos te não servem de guia!
Não me fales, que eu não te ouviria!
Não me fales mas nunca te esqueças
desses tantos que ainda acreditam
e que tentam, por mais que os impeçam,
murmurar-te as palavras que gritam…
Não me fales daqueles que te imitam!
Maria João Brito de Sousa – 10.06.2011 – 22.19h