HÁ FOME NO MEU PAÍS!
Há fome no meu país
E alguém me veio dizer
Que Abril já fora esquecido
E arrancado à raiz
De um ideal por colher,
Que o país estava perdido…
Longínquo, evoco o perfil
De um dia de liberdade
Com carabinas nas ruas;
Recordo os cravos de Abril
Florindo numa cidade
Que acenava de mãos nuas
E, do mais fundo de mim,
Renasce um cravo qualquer
Dessa memória evocada…
Portugal não morre assim
Enquanto entre nós houver
Gente sã, gente acordada!
Há fome no meu país,
E alguém me veio lembrar
Que os cravos de Abril murcharam…
Com ou sem fome, o que eu fiz
Foi “dar a cara” e mostrar
Que houve alguns que perduraram!
Maria João Brito de Sousa