CRIPTIDENTIDADES
CRIPTIDENTIDADES
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Sou estranha, já percebeste…
Sou tonta como a criança
Que dá dois passos de dança
E, logo a seguir, te afiança
Que tem um dom que é celeste
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E esquiva como um felino,
Territorial, ciosa
Dessa coisa misteriosa,
Insondável, preciosa
Que é o seu próprio destino.
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Sou qual pássaro nocturno
Que não deixa de cantar
Se a noite o quiser calar
Ou se o Inverno chegar
Gelado, irado e soturno
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Sou de sonho e fogo e terra
Mas, se me fecho, sou ostra
Que não fala, não se mostra
E, ainda que dando à costa,
Só bem morta se descerra.
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Maria João Brito de Sousa
20.11.2010 – 16.33h
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In "Até a Neve Chorará Num Dia Quente..." Euedito, 2018