ABSOLVIÇÃO
27.09.10 | Maria João Brito de Sousa
Eu só te absolvo
Se a tua alma deixar, se arrependida
Chorar ajoelhada e decidida
A resolver o que eu já não resolvo.
Eu nada peço
Senão este luar de horas de espanto
Que me traga mais luz noutro recanto
Do que a do estranho encanto em que me teço.
Só te recordo
Quando alguém me falar dessoutro tempo
Em que leguei ao mundo o meu talento
Sem desfazer, mais tarde, o louco acordo
E parto,
Pois nunca mais ninguém irá obstar
A que venda os meus dias de luar
Por tão absurdo, inalcançável preço…
Maria João Brito de Sousa