POUCA-TERRA, POUCA-TERRA...
POUCA-TERRA. POUCA-TERRA
*
“Pouca-terra, pouca-terra”…
Tanta terra falta ainda,
Tanto rio por navegar,
Tanto cume de alta serra,
Tanto trilho que não finda,
Tanta estrada e tanto mar!
*
E, do comboio que passa,
“Pouca-terra, muita-pressa”,
Na melopeia de infância,
Não consinto uma ameaça;
Tento ver que terra é essa,
Quero medir-lhe a distância!
*
“Pouca-terra” – mais que fosse! –
Quanta insondável lonjura
Vai no triste olhar que fica
Numa curva amarga ou doce
Da transitória procura
A que o mundo se dedica
*
“Pouca-terra”… e, afinal,
Tanto, ainda por cumprir
Nas distâncias que prevejo;
Pouca terra? Não faz mal,
Muito mais terra há-de vir!
Pouca terra e... tanto Tejo.
*
Maria João Brito de Sousa – 08.08.2010 – 15.35h
Aos comboios da “Linha do Estoril”, sempre presentes, desde os primórdios da minha infância.
Revisto e ligeiramente reformulado a 24.11.2013