ESTRELAS CADENTES
Trago poemas nas veias
E, dos poemas que trago,
Moldo o barro das ideias
De que nasce o mesmo barro…
São mil poemas-cadentes
Cravados como punhais,
Cicatrizes transparentes
De quem já viveu demais,
De quem desistiu da vida
Dos neutrões e dos protões
E, ficando assim, perdida,
Se alimentou de canções,
De quem não quis, querendo crer
Que o que na vida importava
Era só permanecer
Nas palavras que deixava,
Nesses poemas-cadentes,
Cravados como punhais
Com marcas inaparentes
De quem parte, mas quer mais…
Trago poemas nas veias
E, dos poemas que trago,
Moldo o barro das ideias
De que nasce o mesmo barro…
Maria João Brito de Sousa