NUMA CALÇADA SEM PEDRAS
08.06.10 | Maria João Brito de Sousa
Agora sei que, na estrada,
Choram pedras de calçada
Numa calçada sem pedras…
Lágrimas que assim vão escondendo
O sal do mar que em mim prendo
Em marés agora negras.
Agora sei e não esqueço
Que é assim que pago o preço
Da sede que me guiava
Da sede que em mim crescia
Quando, ao sol do meio-dia,
Em pedras me transformava.
Que loucos, loucos anseios
Brotaram desses passeios,
Das pedras que percorri…
Pedras que a mim se prenderam,
As mesmas que me perderam
Quando as lancei sobre ti…
Agora sei que, na estrada,
Choram pedras de calçada
Numa calçada sem pedras.
Maria João Brito de Sousa
NOTA - A minha primeira letra para um fado