O FIO DA NAVALHA
30.12.09 | Maria João Brito de Sousa
Vivo no fio da navalha,
Confiando que o caminho,
Mesmo agreste, me não falha
E há-de conduzir-me ao ninho.
A muitos não recomendo
Um caminho tão esforçado
Mas, a outros, eu pretendo
Deixar o trilho marcado…
A quem saiba equilibrar-se
Numa aresta assim tão fina,
Sugiro que saibam dar-se
Ao virar de cada esquina.
Por vezes tudo parece
Muito além do nosso alcance
Mas a navalha conhece
Indecisões, num relance
E o tal gume afiado
Torna-se então, por segundos,
Mais urgente e desejado
Do que os medos mais profundos!
E nesse equilíbrio instável
Se percorre o dia a dia,
Às vezes desconfortável
E outras em plena harmonia!