OUTRO POETA
06.07.09 | Maria João Brito de Sousa
Era o seu espólio de sonhos
Nas terras imaculadas,
Nos rios, nos mares, nos corais
Coloridos e risonhos
Como claras madrugadas
Que nascem tarde demais…
Era tudo o que sabia
E o que sonhava saber
Se acaso ousava sonhar,
Se o sonho se lhe tecia
Quase sem se aperceber
Que estava a fantasiar…
Primário, infantil ou louco,
Tudo se lhe apresentava
Como barro a ser moldado.
Nunca avançou esse pouco
No muito que o afastava
De ser, enfim, enquadrado.
Cresceu firme e solitário
E assim foi envelhecendo,
Sem sentir medo da morte…
P`ra além do imaginário,
P`ra além do que eu mesma entendo,
Muito além da própria sorte…