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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

AOS QUE SE ACENDEM NA LUTA - Reedição

26.04.25 | Maria João Brito de Sousa

tela de Álvaro Cunhal (1).jpg

Tela de Álvaro Cunhal

*

Imagem retirada da página

do Partido Comunista Português

*

AOS QUE SE ACENDEM NA LUTA
*


Aos que se acendem na luta,

Aos que se apagam na fome,

Aos que vão morrendo em nome

De uns reais filhos da puta

Que lhes roubam, da labuta,

Quanto lucro os engordou,

Lá, onde o lucro os cegou

E onde a garra do poder

Que não pára de crescer

Cruamente se fincou
*


Sem que os direitos de um povo

Fossem, sequer, respeitados,

Garantidos, preservados,

Tudo a bem de um “mundo novo”

Que ele execra e que eu reprovo

Na palavra, nas acções

E até nas contradições

A que venha a estar sujeito

Pela mão de um burro eleito

E outros tantos aldrabões
*


A todos esses e a quantos

Sem descanso resistirem

Mesmo se um dia caírem

Na dureza dos quebrantos

- que são certeiros e tantos… -

Mas que, nem lerdos nem lentos,

Possam ficar sempre atentos

Sem mudar de direcção,

Sempre opondo a voz do não

Aos subornos truculentos
*

 

À luta dos companheiros,

Àqueles que nas barricadas,

Sem espingardas nem granadas,

Estão no frente a frente inteiros

Com a força de guerreiros

Que contra a barbaridade

Ergam voz, crença e vontade,

Deixo os versos que escrever...

Depois, venha o que vier,

Da Paz seremos obreiros.
*


Maria João Brito de Sousa

18.11.2013 - 21.02h
***

Poema em décimas, ligeiramente modificado

VERÃO - GLOSAS A UM POEMA DE JOAQUIM SUSTELO

06.04.25 | Maria João Brito de Sousa

eu e Joaquim, no Palmeiras (1).jpg

Joaquim Sustelo e eu no Palmeiras Shopping

Fotografia de Cida Vasconcelos

*


VERÃO
*

 

O verão, estação mais quente,

Despediu a primavera.

Já se estava dele à espera

Eis que surge, sorridente!

Ninguém fica indiferente

Aos campos, praias e mar

Com espaços a abarrotar,

De carros e de pessoas!

O verão de coisas boas

Que o outono há de levar...
*

Joaquim Sustelo
*

 

Décimas em Glosa
*

I

*

Calor? Não me mete medo,

Nem me faz ficar doente

Como o frio que, de repente,

Desde manhãzinha cedo

Me enregela - que degredo... -

Inda além do Sol poente!

Prefiro este Sol ardente,

Disso não farei segredo

Se invoco - porque antecedo... -

"O Verão, estação mais quente"!
*


II
*


Menos dor, mais liberdade,

Menos roupa, mais quimera...

Ai, afinal, quem me dera

Que, tal qual minha vontade,

Eu, com mais mobilidade,

Corresse que nem pantera

Quando um pé por outro espera

Uma quase eternidade...

O Verão porém, na verdade,

"Despediu a Primavera"
*

III
*
Veio estrear-se em beleza

Sob um sol que é rubra esfera

E todo em brilhos se esmera

Neste céu côr de turquesa,

Tal qual chama muito acesa

Que, num crescendo, pondera

Gerar seca bem severa,

Tal a sua natureza...

Mas não digam que é surpresa,

"Já se estava dele à espera"
*

IV
*
Não parece, por enquanto,

Mas quem seja previdente

Sabe que um Verão muito quente

Pode perder o encanto

E acender-se em chamas, tanto,

Que uma floresta inocente

Arda e fique incandescente

Perdendo o seu verde manto

Neste V`rão que, no entanto,

"Eis que surge sorridente!"
*

V
*

Sempre que arda uma floresta,

Perde toda, toda a gente...

Numa vila, mesmo em frente,

- lugar de gente modesta... -

Há sempre alguém que se apresta

A apagar a chama ardente

Pois, tanta vez impotente

Face a essa imensa besta,

Vendo o próprio inferno em festa,

"Ninguém fica indiferente",

*

VI

Por outro lado, consola

Ver o V`rão a despontar,

Com crianças a brincar

- porque já não têm escola...-,

Umas a jogar à bola,

Outras na praia a nadar

Sem terem de carregar

A sempiterna sacola

Pois não vão tinta, nem cola,

"Aos campos, praias e mar"
*

VII

*
Faz-se a festa no campismo,

Pois sempre há-de haver lugar

Pra se poder acampar

- outra forma de turismo,

bem contrária ao comodismo

de nalgum hotel ficar... -

Numa mata, ou junto ao mar,

Conforme o dite o lirismo

Contra o duro fatalismo

"De espaços a abarrotar"...

*

VIII

*
Pois há quem nunca desista,

Nem pare de tecer loas,

Não a barcos e canoas,

Mas ao "espírito campista"

E ao campismo vanguardista

Que - juram! - são coisas boas,

Mas que - sei que me perdoas

Pois não sou malabarista... -

Mais parece imensa pista

"De carros e de pessoas!"
*

IX
ª
Na minha casa - meu espaço... -,

Por mais que tu te condoas

Podem-me ir faltando c`roas*

E ir-me sobrando o cansaço,

Mas é daqui que eu te traço

Poemas - nem sempre loas... -

Pra ti, pra mais mil pessoas

Que cuidem disto que faço

E encontrem, no seu regaço,

"O Verão de coisas boas"
*

X
*
Tudo, porém, tem seu fim

Neste mundo milenar

Que é mera esfera a girar

Sem esperar por ti, por mim,

Ou por quem nem pense assim...

Amigo, é de aproveitar

Pois não veio pra ficar

E o V`rão, neste jardim,

É tal qual como um jasmim

"Que o Outono há-de levar..."
*


Maria João Brito de Sousa

21.06.2016 - 16.59h

*

In Antologia Horizontes da Poesia VIII, Euedito, 2016

***

 

 

 

 

PESCARIA(S) - Reedição

05.04.25 | Maria João Brito de Sousa

A TECEDEIRA DE BARCAS, 1999 (1).jpg

"A Tecedeira de Barcas", 1999

Tela de minha autoria

*

PESCARIA(S)
*

I
*
Lanço a fateixa. A jangada

Estremece e fica parada

No meu mar de beira rio

E à rede, já remendada,

Lanço-a à água... é tudo ou nada,

Que trago o bote vazio:

Venha atum, raia ou safio,

Quando a malha for puxada

E outro mar de água salgada

Dela escorrer, fio a fio!
*
II
*
Mas se entre as malhas da rede

Não há peixes de verdade

E eu cometo a veleidade

De usá-los como quem cede

À distância que se mede

Entre mentira e verdade

Quando o poema me invade,

Que sede dessoutra sede

Traz e leva, a quem nem pede,

Frutos de um mar que é de jade?
*

III
*
Cordas que apenas invento

Tecem-me as malhas da vida

E foi-me a Barca erigida

Num mar que eu mesma sustento...

Meus remos? Sopros de vento

À espera do que eu decida:

Se quero a fateixa erguida

Sobre um mar tão turbulento,

Ou se aguardo mais um tempo

E lanço a rede em seguida
*
IV
*
Pra que banquete, afinal,

Nos convida este poema

Cuja autora faz que rema

No mar do seu próprio sal?

Em que jangada irreal

Singra as ondas do fonema?

Quem lhe diz que vale a pena

E jura não ser por mal

Que estende no areal

Esta ilusão pura e plena?
*
V
*
Parábola, alegoria,

Mas não mera brincadeira,

Pois não é coisa ligeira

Tecer-se uma fantasia

Que, mais dia, menos dia,

Se há-de tornar verdadeira

Já que sempre achou maneira

De dar vida à pescaria:

Mais pesca quem mais porfia

E esta porfia-se inteira!
*


Maria João Brito de Sousa

02.04.2018 – 19.52h
***

 

SEM CENSURAS! - Reedição

03.04.25 | Maria João Brito de Sousa

cpração remendado pint copy (3).jpg

Imagem Pinterest

*

 

SEM CENSURAS

*

 

Nunca embarco em fingiduras,

Discursata, ostentações…

Sei que arrisco uns trambolhões

Quando em tábuas mal seguras

Enfrento, estando às escuras,

Ogres, bruxas e papões

Que me acenam com poções

Feitas de estranhas misturas

De ervas que prometem curas

Mas provocam comichões
*

 

E podem causar tonturas,

Dor de cabeça, aflições,

Enjoos e sensações

Cujos sintomas descuras

Mas que serão sempre obscuras

Causadoras de lesões

Se te esqueces das lições

Deixadas por ditaduras

Que ninguém diria impuras

Antes das duras sanções…
*

 

Venham já vacinações

Porque as coisas `stão tão duras,

Andam pr`aí  tais loucuras,

Tremedeiras e sezões

A afectar tantos milhões

Dos que sentem as securas

Nas dolorosas agruras

Destas cruas convulsões

Que com a força de arpões

Nos trespassam. Sem censuras!
*
 


Maria João Brito de Sousa

23.06.2014 – 22.59h
***

RAZÕES PARA...

02.04.25 | Maria João Brito de Sousa

Cravo de Daniel Filipe Rodrigues (1).jpg

"Cravo" de Daniel Filipe Rodrigues

*

RAZÕES PARA UMA BOA AUSCULTAÇÃO

DA MISÉRIA SOCIAL ENDÉMICA
*


Com quantas lágrimas verte,

Com quanta dor te arrebanha,

Te aborda e depois se entranha,

Vem a miséria que, ao ver-te,

Te condena, te perverte,

Faz de ti farrapo humano,

Te lança no desengano,

Te desgraça, te desdenha,

Te transforma em coisa estranha

Pr`a melhor poder perder-te!

Vem, quando menos sonhavas,

Infiltrar-se, sorrateira,

Estudando a melhor maneira

De açambarcar quanto amavas,

De negar-te o que aspiravas,

De minar-te a resistência

Quando, com estranha insistência,

Te obriga a ser quem não queres,

Desmentindo o que disseres

Pra tomar-te a dianteira…

Muito poucos voltarão

A dar-te o valor que tens,

Que ela não rouba só bens,

Muda, inteira, a condição

E, além de roubar-te o pão,

Coloca-te uma etiqueta

Das que abundam na sarjeta

Dos humanos preconceitos

Onde alguns poucos eleitos

Encontram fama e razão…

Quanto mais dúbia, mais duro

Se torna o jugo que impôs

Sobre a voz da tua voz

Quando aperta, furo a furo,

O cinto com que o esconjuro

Te abraçou nesse momento

Em que, sem outro argumento,

Te afastou de quanto amaste

E logo, em claro contraste,

Te impôs seu próprio futuro

Pois assim que essa armadilha

Por elites preparada,

Tão fatal, tão bem estudada,

Que nem a própria partilha

Bloqueia os rumos que trilha,

Se estende tão triunfante,

Como se fora um gigante

De bocarra escancarada

Cravando, pela calada,

A dentuça acutilante,

E, munida das mil manhas

Que tem escondidas na manga,

Faz, do amigo, um seu capanga

Com duas ou três patranhas

De opacidades tão estranhas

Que, nas malhas enrededado,

Já nem sabes pra que lado

Te empurra essa dura canga:

Se prá fome ou se prá tanga

De quem, de homem, fez coitado.
*


Maria João Brito de Sousa

15.11.2013 – 14.47h
***

Reedição
*

RATIO/CUORE - Reedição

01.04.25 | Maria João Brito de Sousa

cat and human hand (3).jpg

Imagem Pinterest

*

RATIO/CUORE
*

Lá fica a douta Razão
Incapaz de se afirmar,
Sem forma de se expressar,
Quando o louco Coração
Vem tomado de paixão
Pra ditar-lhe o que pensar
E, tomando o seu lugar,
Provoca a contradição
Entre a isenta opinião
E a paixão que o comandar…
Claro está que a solução
Prá coisa não avançar
E a disputa se acalmar
Nem sempre se encontra à mão
Mas, com tanta dissensão,
Há que saber encontrar
Forma de os equilibrar
Ou será certo que, então,
Sem lugar prá dissuasão,
Se acabem por confrontar
Chegando, mesmo, à agressão
Numa ânsia de conquistar,
Persuadir e derrotar
Que os foi tomando à traição,
E, de cada, fez ladrão
Que ao outro tenta roubar
Pra depois o despojar
Da legítima ambição
Ou da mera inspiração
Que em si possa transportar…
O pior da situação
É quando um pede, a chorar,
Que o deixem continuar
E, a outra, a compensação
Pelo excesso de emoção
Que assim fez desatinar
E quase descarrilar
A sua concentração
Destruindo a isenção
Do que tentou demonstrar.
*

Maria João Brito de Sousa

12.07.2014 - 19.01h

***

 

Reedição