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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

QUE É FEITO DA COTOVIA?

04.01.25 | Maria João Brito de Sousa

sick girl (1).jpg

Imagem Pinterest

***

QUE É FEITO DA COTOVIA?
*


Caso um de vós tenha visto,

Uma alegre Cotovia

À qual já perdi o rasto,

Mas que espero, apesar disto,

Voltar a ver qualquer dia

Pra dizer-lhe: Eu não me afasto
*


Mas não sei por onde voas

E há tempo que te não vejo

Sobrevoando o teu ninho...

Será que tu me perdoas

Se eu te pedir o ensejo

De falar-te um minutinho?
*


Sei que andas atarefada

- quem não anda nestes dias? -

Mas se por aqui passares

Pousa na minha sacada,

Vem cantar-me melodias,

Não te vás sem me falares
*

 

Porque eu ando adoentada,

Não consigo acompanhar-te

Nesses vôos mais ousados

E fiquei preocupada

Quando não pude encontrar-te

Nos teus pousos costumados

*


Mª João Brito de Sousa

04.01.2025- 23.00h
***

 

 

 

 

CONVERSANDO COM SÁ DE MIRANDA II

03.01.25 | Maria João Brito de Sousa

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Imagem gerada pelo ChatGTP

***

CONVERSANDO COM SÁ DE MIRANDA
*

Ó meus castelos de vento

que em tal cuita me pusestes,

como me vos desfizestes!`
*


Armei castelos erguidos,

esteve a fortuna queda,

e disse:– Gostos perdidos,

como is a dar tão grã queda!

Mas, oh! fraco entendimento!

em que parte vos pusestes

que então me não socorrestes?
*


Caístes-me tão asinha

caíram as esperanças;

isto não foram mudanças,

mas foram a morte minha.

Castelos sem fundamento,

quanto que me prometestes

quanto que me falecestes!
*


Sá de Miranda,

in 'Antologia Poética'
***


"Ó meus castelos de vento"

Houvesse-vos eu sonhado,

Mas não, deixei-vos de lado...
*


Fiz-me ao mar numa jangada

Sem ter vela nem sextante:

De mim me deixou distante

A maré, pela calada...

Fiz das mãos remos perfeitos,

Mas com tão pequenos remos,

Nunca se chega onde qu`remos...
*


Ficou-me a jangada à d`riva,

Num mar que não tinha fim...

Não mais procurei por mim,

Fiquei da maré cativa,

Mas fui-lhe aprendendo os jeitos:

Não me quebra, ela, a vontade,

Nem a salgo, eu, de saudade.
*


Mª João Brito de Sousa

03.01.2025 - 12.00h
***