O PATUDO DE SCHRÖDINGER
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O PATUDO DE SCHRÖDINGER
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Não sou gata morta/viva,
Mas nas mesmas condições,
Viva-morta/Ausente-activa,
Vou compondo estas canções
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Quem me ouvir, cá, deste lado,
Dirá que ainda respiro,
Quem não me ouvir é levado
A pensar: - Nem um suspiro!
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Esta quântica, senhores,
Não é fácil de entender:
Schrödinger rufou tambores,
Vendo um morto por morrer?
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P`rante tanta instab`lidade
E tais sobreposições
Mal se vislumbra a verdade:
Não há luz, só apagões,
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Porque um gato vivo e morto
. - tudo simultaneamente -
Pode estar somente absorto,
Ou mesmo apenas dormente...
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Eu que morta inda não estou
E que génio nunca fui,
Só quero ser como sou:
Tudo o mais a Musa intui!
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Tanta balbúrdia, afinal,
Pra chegar a um princípio
Que é o da Pura Incerteza:
Sim, ao prato principal,
Servido pelo mancípio
Que traz o gato prá mesa...
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E sob o cofre de lata,
A incerteza é crescente:
Será qu`inda mexe a pata?
Morrerá de trás prá frente?
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Ah, se alguém me propuser
Vida e Morte em simultâneo,
Musa não é, nem mulher,
É talvez o sucedâneo
Dum`outra coisa qualquer!
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Mais completamente incerta
Me sinto neste momento
Do que jamais me hei sentido
E se me julgava esperta,
Nego que tal pensamento
Me haja um dia convencido!
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Sinto-me lerda e tacanha
Quando me falam de "qubits",
Palavrinha muito estranha,
Ou "a word that nowhere fits"...
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Ah, eu hei-de assegurar-me,
De inteira estar neste estado
Que, não sendo o meu melhor,
Não me impõe multiplicar-me,
Não me mata... no passado,
Nem me exige um tal rigor!
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Deixo prós iluminados
Com QIs bem sup`riores
E vastos anos de estudo
Os meus neurónios queimados
Por "expoentes" e "vectores",
Mas... DEVOLVAM-ME O PATUDO!
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Mª João Brito de Sousa
20.12.2024 - 13.00h
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