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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

CANTANDO COM CAMÕES - II

30.11.24 | Maria João Brito de Sousa

ROSA E ROSARINHO (1).jpg

Fotografia de António Pedro Brito de Sousa,

meu pai.

*

36.

CANTIGA

A ESTE MOTO:

Quem se confia em olhos,

nas meninas deles vê,

que meninas não têm fé.
*


VOLTAS
*


Quem põe suas confianças

em meninas sem assento,

ofereça o sofrimento

a duzentas mil mudanças.

Mostram no ar esperanças,

mas em seus olhos se vê

como não têm n'alma fé.

Enganam ao parecer,

porque, no caso de amar,

são mulheres no matar

e meninas no querer.

Quem em seus olhos se crer,

cem mil graças neles vê;

vê-las, sim, mas não ter fé.

Amostram-vos num momento

favores assi a molhos

mas na mudança dos olhos

se lhe muda o pensamento.

Em nada têm assento,

e o que mais neles se vê

é fermosura sem fé.
*


Luís de Camões
***

Confianças haveis posto

Em tão estouvadas donzelas

Que não cuidando de havê-las

Nem lhes tomaram o gosto...

Bem mais cuidaram, aposto,

Do brilho da sua tez

A que algum vate cortês

Pudesse compor uns versos

Que as deixassem satisfeitas

Por se julgarem perfeitas

Desde os seus dourados berços

Tão ricos quão controversos...

Sendo vós tão exp`rimentado,

Fostes, senhor, descuidado

Deixando-vos fascinar

Apenas pela aparência:

Não notastes impudência,

Nem vistes futilidade

Ou tomastes por vaidade

Os sorrisos - ou intrigas... -

De tão belas raparigas:

Mil confianças pusestes

Em quem as não merecia

E, em retirada tardia,

Dizeis palavras agrestes

Contra quem antes quisestes:

Mais vos valera esquecê-las

Do que, irado, escarnecê-las!
*


Mª João Brito de Sousa

30.11.2024 - 21.00h
***

O Mote e as Voltas de Camões foram retirados do Blog

Sociedade Perfeita

OGE 2025

29.11.24 | Maria João Brito de Sousa

Marie Antoinette (1).jpg

Marie Antoinette

*

OGE 2025
*


Meus amigos, meus amigos,

Qual de vós quer desgarrar

Sem nas voltas tropeçar,

Nem encalhar nos artigos,

Sobre as reformas dos velhos,

Que hoje têm de escolher

Entre aquecer-se ou comer,

Como quando eram fedelhos?

É que o três vírgula oito

Do aumento das pensões

Não dá pra comprar melões...

Será que dá pró biscoito?

Não, não dá! Tenham paciência...

Mas a paciência alimenta

Ou trava o que mais aumenta

Quão maior for a carência?

Eu desgarro enquanto posso

E só não desgarro mais

Por ver nos telejornais

Muito velho em pele e osso

A contar cada tostão

Do bolso quase vazio:

"Coitado, pobre vadio...",

Não senhor, é cidadão!

Nunca andou, bem sei, de coche

Mas trabalhar, trabalhou!

Pra hoje o pão lhe faltou:

"Não tem pão? Coma um brioche!"
*


Maria João Brito de Sousa

No papel de Maria Antonieta
*
(Humor quase Negro)
*

Aos 29.11.2024 - 12.00h
***

 

NO SILÊNCIO EM QUE TO DIGO - Reedição

27.11.24 | Maria João Brito de Sousa

deserto vivo pint cópia.jpg

Imagem Pinterest

*

NO SILÊNCIO EM QUE TO DIGO
*

*

Vem! Vem sentar-te à lareira

Das cinzas do meu poente...

Vem, filho de toda a gente,

Que eu não passo de uma obreira

Destoutra estranha maneira

De ser rainha e servente

Da pequenez da semente

Perdida na sementeira.
*


Senta-te à mesa comigo,

Prova este pão amassado

Sobre as letras de um teclado

Que é meu prémio e meu castigo,

Pois, pra pão, falta-lhe o trigo

E o fermento de um trinado

Que se solte e soe ao fado

Do silêncio em que o mastigo.
*


Maria João Brito de Sousa

25.11.2019 - 09.25h
***

CANTANDO DUAS OITAVAS A CAMÕES NO SEU QUINGENTÉSIMO ANIVERSÁRIO

26.11.24 | Maria João Brito de Sousa

young lady and fox pint. copia (2).jpg

Imagem Pinterest

*

CANTIGA

A ESTE MOTO:
*

Ojos, herido me habéis,

acabad ya de matarme;

mas, muerto, volve á mirarme,

por que me resucitéis.
*

VOLTAS
*

Pues me distes tal herida,

con gana de darme muerte,

el morir me es dulce suerte,

pues con morir me dais vida.

Ojos, ¿qué os detenéis?

Acabad ya de matarme;

mas muerto volved á mirarme,

por que me resuscitéis.
*


La llaga cierto ya es mía,

aunque, ojos, vos no queráis;

mas si la muerte me dais,

el morir me es alegría.

Y así digo que acabéis,

ojos, ya de matarme;

mas muerto, volved á mirarme,

por que me resucitéis.
*

Luís de Camões
***


Ay, qué si morir me diera

Lo que décis que os da,

También me iria de acá

Lo más pronto que pudiera...

Pero mis ojos viejitos

Siguen abiertos, señor,

A la forma y al color

Aunque, a veces, contritos.
*


La llaga es vuestra, seguro,

Pero creed que la mía

Más que llaga es agonía,

Eso, senñor, os lo juro

Por lo que me va quedando

Del corazón ciego y blando

Con el qual por os me apuro.
*


Mª João Brito de Sousa

26.11.2024 - 21.00h
***

 

O mote e as voltas de Camões form retirados do blog

Sociedade Perfeita

SONETILHO A UM ESTRANHO ENCONTRO

24.11.24 | Maria João Brito de Sousa

old lady with twoo crows copy (1).jpg

Imagem Pinterest

***

 

SONETILHO A UM ESTRANHO ENCONTRO
*


Falei com a morte, um dia,

Ou entendi que falava

Pois nem ela me escutava,

Nem eu, já morta, a ouvia...
*


Concede-me a Poesia

O poder de não ser escrava

Da precisão da palavra

Quando apelo à Fantasia
*


Não me concedo, eu, contudo,

Transgredir a realidade,

Não cuideis que vos iludo
*


Por ter essa liberdade:

Deu-se este encontro mas, mudo,

Não gerou cumplicidade...
*

 

Mª João Brito de Sousa

23.11.2024 - 13.00h
***

À minha irmã Clara que hoje faria sessenta e dois anos

DIALOGANDO COM CAMÕES NO SEU QUINGENTÉSIMO ANIVERSÁRIO - Glosas

23.11.24 | Maria João Brito de Sousa

autumn pint.jpg

Imagem Pinterest

*

 

GLOSA

a este moto alheio:

"Minha alma, lembrai-vos dela"
*


Pois o ver-vos tenho em mais

que mil vidas que me deis,

assi como a que me dais,

meu bem, já que mo negais,

meus olhos, não mos negueis.

E se a tal estado vim,

guiado de minha estrela,

quando houverdes dó de mim,

minha vida, dai-lhe a fim,

minha alma, lembrai-vos dela.
*

Luís de Camões
***


Senhor, muito aqui pedis

A quem vem gasta e curvada

Como, de um choupo, a raiz,

Que mal sustenta a cerviz

Inda que a tanto obrigada...

Vou fazer, contudo, um esforço

Para erguer-me ao reerguê-la

Alongando o velho dorso...

Mas se isto der em remorso,

"Minha alma, lembrai-vos dela"!
*


Mª João Brito de Sousa

22.11.2024 - 12.00h
***

O mote e a glosa de Camões foram retirados do blog Sociedade Perfeita

 

COM ELA - Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa

21.11.24 | Maria João Brito de Sousa

No fear pint (1).jpg

Imagem Pinterest

*

COM ELA...
*

Fiz poesia com ela,

Sonetos em catadupa

E coroas sem ter fim,

Muita coisa nos agrupa

Na nossa pose singela

De ornementar o jardim
*

Um coloca uma rosa

Outro uma azálea amarela

Ou um simples malmequer

Uma ornamentação bela

E cada vez mais formosa

A que dá gosto de ler
*

Ela Maria João

Que tão bem sabe escrever

No belo estro que tem

Mesmo doente e a sofrer

Dá asas ao coração

Que desde o berço lhe vem
*

Eu aproveito a magia

Que vem dessa poesia.
*

Custódio Montes

20.11.2024
***

COM ELE...
*

E eu, com este poeta

Chamado Custódio Montes,

Já percorri, noite e dia,

Somando letra com letra

A distância de mil pontes

Pró reino da Fantasia
*


Quis fazer o inventário

Mas vi não estar concluída

Esta tarefa sem fim...

Como qualquer bom op`rário,

Levantei-me e fiz-me à vida

Que estava à espera de mim
*


Quem disser que com palavras

Nada de bom se constrói,

Ponte alguma se sustém,

Não conhece as nossas lavras,

Onde já fomos, não foi,

Não pode entender-nos bem...
*


Quanto a nós... Haja Infinito

Que, se o há, por si foi escrito!
*

 

Mª João Brito de Sousa

20.11.2024 23.30h
***

SAUDADE III - Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa

19.11.24 | Maria João Brito de Sousa

Eu e avô Sousa.jpeg

Eu, ao colo do meu avô poeta

*

SAUDADE III
*

Custódio Montes e Mª João Brito de Sousa
*


Sou um homem já velhinho

Resta-me só a saudade

Corro o tempo à procura

De sonhos em torvelinho

Que tinha naquela idade

Com beijos em noite escura

Noite amena ao luar

No meio do milharal

Aos pulos o coração

Noite dentro sempre a amar

Mesmo junto ao quintal

Com sonhos em profusão

Clara a lua a iluminar

Todo o sito ao redor

Lá ao longe aqui ao perto

Longa serra de encantar

Onde andava o meu amor

Com lenço rubro coberto
*


No caminho da saudade

Volta-se atrás na idade
*

 

Custódio Montes

18.21.2024
***

 

Estou também velha e doente

E a cada dia que passa

Mais pareço envelhecer

Do corpo e também da mente

Que agora perdeu a graça

E o talento pra escrever...

Só posso andar se apoiada

Num andarilho de rodas

E, mesmo assim, cambaleio

Que, às vezes, de tão cansada

Não quero saber de modas

E, como os bebés, tenteio...

Então sim, volto pra trás,

Tão pra trás que dou comigo

A rir da triste figura

Que fiz por estar incapaz:

Pouco já fazer consigo

E este meu mal não tem cura
*


Meu amigo, esse caminho,

Ninguém, nunca, o fez sozinho.
*


Mª João Brito de Sousa

19.11.2024
***

 

 

 

TRUPE OU CRUPE?

18.11.24 | Maria João Brito de Sousa

 

postal do avô 2.jpg

Boa Noite! :)

Postal da infância do meu avô poeta

fotografado por mim

*

TRUPE OU CRUPE?
*


Porque uma trupe de germes

Malfadados me infectou,

Já mal sei se sou quem sou...

Antes fossem paquidermes!
*


Um paquiderme na sala,

Por muito espaço que ocupe,

É bem menos mau que um crupe

Que na laringe se instala
*


E se traduz num edema

Que de tal forma a estreitando

Te irá, sem dó, estrangulando

E, às vezes, de forma extrema...
*


Ah! Mil vezes uma trupe

De elefantes, dos maiores,

Do que um só dos estertores

Provocados pelo Crupe!
*


Mª João Brito de Sousa

18.11.2024 - 21.50h
***

 

Poeminha dedicado à minha amiga Cotovia -Mafalda Carmona.

CRUPE, MALVADO CRUPE!

18.11.24 | Maria João Brito de Sousa

outono - ciencia y caridad, picasso.jpg

CIÊNCIA E CARIDADE - Tela de Pablo Picasso

*

CRUPE, MALVADO CRUPE!
*


Escrevo estes versos pra quem

De Crupe tenha sofrido

E, tendo sobrevivido,

Saiba como fica alguém

Que quer ar e que ar não tem...

Tive um a noite passada

E julguei que, desta vez,

Morreria da escassez

Do ar de que fui privada...

Em vão tentava inspirar:

Mal à garganta chegava,

Logo nela o ar estacava

Em vez de por lá passar...

Foram segundos? Minutos?

Foi tempo suficiente

Pra dele eu ficar temente

E, em termos absolutos,

Jurar que hoje não me deito,

Nem me recosto, sequer!

Se amanhã por cá estiver

Vos direi qual o efeito

Da directa programada

A que me vou submeter:

Assim, se o Crupe vier,

Vai dar comigo acordada

Com o vapor d`água à mão

E c´o uso da razão

Qu`inda me não foi negada...

Decerto o vou combater

Muito mais eficazmente

Do que ontem, inconsciente,

A sonhar, sem o prever...

Não, Crupe, hoje não me apanhas

Desprevenida, a dormir!

Hoje, mal eu pressentir

Que na laringe te entranhas,

Com vapor de água te ataco,

Será de pé que te enfrento...

Talvez não vença, mas tento

Deixar-te feito num caco

Enquanto de ti me escapo

E preservo o meu alento!
*

 


Mª João Brito de Sousa

18.11.2024 - 01.40h
*



Crupe= Laringotraqueobronquite,

doença muito mais típica dos bebés e crianças até aos três anos,

mas que, pelos vistos, também pode declarar-se em 

septuagenárias com o sistema imunitário deprimido

*

 

 

 

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