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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

SONETILHO - Reedição

31.08.23 | Maria João Brito de Sousa

sonetilho (1).jpg

SONETILHO
*

Poema, és razão supina

desta suprema loucura

de ser poeta - e sem cura... -

desde muito pequenina
*


E se eu, então, menina

travessa, alegre, imatura,

já nesse tempo à procura

de ir dando a volta à rotina
*


Dobava as horas do dia

nas voltas que a fantasia

me fiava sem parar:
*


Nem sempre doba quem fia,

mas era já Poesia

o que eu tecia, ao dobar...
*

 

Maria João Brito de Sousa

30.08.2016 - 12.56h
***

SÃO TRÊS - Reedição

29.08.23 | Maria João Brito de Sousa

3 velhinhos.jpg

SÃO TRÊS
*

São três, garanto! São três!

Lembro-me bem de os contar,

Um por um, sem me enganar,

E não mais, de cada vez...

Serão pouquinhos, talvez,

Mas não poderão faltar

Àquilo que eu não calar

Quando, em chegando os porquês,

For dito que o português

Não gosta de trabalhar...

São três trabalhos! Três galhos

Da poda de cada dia,

Ornando a melancolia

Dos mais gastos, dos já falhos,

Dos que, feitos em frangalhos,

Vivem, só por simpatia,

Do que outrém não viveria...

São capachos de assoalhos,

Quais miseráveis retalhos

Do que embolsa a mais-valia...

Três formas inconformadas,

Três almas por recordar

Que terei de desfiar

Em rimas metrificadas,

Três questões tão só esboçadas

Que não sei qualificar,

Mas não quero abandonar

Porque estão quantificadas...

Três, nunca identificadas,

Razões pra pôr-me a cantar!

Três coisas, no masculino...

Trabalhos, sim, estava escrito

E, no que escrevo, acredito,

Não tenho falta de tino!

Mas... três velhos sem destino

Dão nos três nadas que cito

E não é nada bonito

Meter-me em tal desatino...

Decerto não desafino,

Mas... cantar sem ter um fito?

São três memórias perdidas,

Coisas sem-pés-nem-cabeça,

Gestos colhidos à pressa

Das praças e avenidas,

Da minha... ou das vossas vidas,

Como quem passa, tropeça,

Não nota e perde uma peça...

Três me ficaram caídas,

Três me instigam: Recomeça!

(mais três promessas traídas!)
*


Maria João Brito de Sousa

28.08.2015 - 17.57h
***

POUCA TERRA, POUCA TERRA... - Reedição

18.08.23 | Maria João Brito de Sousa

pouca terra.jpg

POUCA-TERRA. POUCA-TERRA

*

Pouca-terra, pouca-terra…

Tanta terra falta ainda,

Tanto rio por navegar,

Tanto cume de alta serra,

Tanto trilho que não finda,

Tanta praia e tanto mar!

*

 

E, do comboio que passa,

Pouca-terra/muita-pressa,

Na melopeia de infância,

Não concebo uma ameaça:

Quero ver que terra é essa,

Quero medir-lhe a distância!

*

 

Pouca-terra? – mais que fosse! –

Quanta insondável lonjura

Há no triste olhar que fica

Numa curva amarga ou doce

Da transitória procura

A que o homem se dedica

*

 

Pouca-terra… e, afinal,

Tanto, ainda por cumprir

Nas distâncias que prevejo;

Pouca terra? Não faz mal,

Muito mais terra há-de vir!

Pouca terra e... tanto Tejo!

*

 

 

Maria João Brito de Sousa

08.08.2010 – 15.35h

***

CRIPTIDENTIDADES- Reedição

17.08.23 | Maria João Brito de Sousa

CRIPTIDENTIDADES.jpg

CRIPTIDENTIDADES
*

 

Sou estranha, já percebeste…

Sou tonta como a criança

Que dá dois passos de dança

E, logo a seguir, te afiança

Que tem um dom que é celeste
*

 

E esquiva como um felino,

Territorial, ciosa

Dessa coisa misteriosa,

Insondável, preciosa

Que é o seu próprio destino
*

 

Sou qual pássaro nocturno

Que não deixa de cantar

Se a noite o quiser calar

Ou se o Inverno chegar

Gelado, irado e soturno
*

 

Sou de sonho e fogo e terra

Mas, se me fecho, sou ostra

Que não fala, não se mostra

E, ainda que dando à costa,

Só bem morta se descerra.
*

 

Maria João Brito de Sousa 

20.11.2010 – 16.33h
***

 

In "Até a Neve Chorará Num Dia Quente..." Euedito, 2018

 

 

"QUANDO A POESIA ACONTECE"

13.08.23 | Maria João Brito de Sousa

quando nasce a poesia.jpg

QUANDO A POESIA ACONTECE
*


"Quando a poesia acontece"

Como um passe de magia

Surge um texto que merece

Ser chamado poesia
*


Se acontece uma harmonia

"Quando a poesia acontece"

Transforma-se em melodia

A harmonia em que se tece
*

E se a Musa permanece

No verso que então se fia

"Quando a poesia acontece"

Vem encher-nos de alegria
*


Ao conferir energia

Ao poema que enaltece

E há luz de noite de dia

"Quando a poesia acontece"!
*

 

Mª João Brito de Sousa

12.08.2023 - 15.42h
***

Poema em quadras com mote decrescente criado para o "Somos... Horizontes da Poesia" a partir de um verso/mote de Maria Custódia Pereira