Tela de Ticiano, Museu do Prado

*

"PORQUE AMAR NÃO É PECADO"
*

I
*
"Porque amar não é pecado"

Nunca o foi nem há-de ser,

Só amar o amor errado

Pode fazer-nos sofrer
*

II
*

Mas se amar nos faz doer

"Porque amar não é pecado"

Também faz compreender

Que um dos dois estava enganado
*

III
*

Se um amor atribulado

Qualquer de nós pode ter

"Porque amar não é pecado"

Pode-se esse amor romper
*

IV
*

Mas não é fácil esquecer

Um amor inacabado

Que está sempre a renascer

"Porque amar não é pecado"
*

Mª João Brito de Sousa

24.02.2023 - 16.00h
***

Poemeto em quadras com mote descendente criado a partir de um verso/mote de Liliana Jesué para uma rubrica do Horizontes da Poesia

ESTÁ UM FRIO DE RACHAR
*

"Está um frio de rachar"

E a minha Musa... rachou

Ou então foi hibernar

E nem sequer me avisou...
*

Consigo não me levou

- "está um frio de rachar"! -

E o que de mim cá deixou

Não vos sabe acompanhar...
*

Pudesse eu descongelar,

Voltaria a ser quem sou:

"Está um frio de rachar"

E o que eu era já passou
*

Pouco ou nada me sobrou

Dessa urgência de criar

Que em tempos me iluminou:

"Está um frio de rachar"!
*

Mª João Brito de Sousa

04.02.2023 - 12.00h
***

Poemeto criado a partir de um verso/mote de Joaquim Sustelo para uma rubrica de quadras do Horizontes da Poesia. 

DITADO
*

Àquilo que me é ditado

Pela voz da consciência

Nunca oponho resistência

Nem tento passar-lhe ao lado

Num acto de desistência
*

Nem sequer por negligência,

Esqueceria ser errado

Afirmar não ter pecado

Por falta de transparência,

Se tal me fosse ditado.
*

Mª João Brito de Sousa

05.02.2023 - 15.05h
***

MOTE
*

Na vida nunca subi,
Mas contente já entendo
Que me irei feliz daqui,
Enquanto outros vão sofrendo.
*

Teolinda Marreiro
*

GLOSAS
*

"Na vida nunca subi",

Antes vim descendo a pique

Já que no alto nasci

E hoje por mais que me estique
*

Ao que fui não chegarei...

"Mas contente já entendo":

Pra se saber quanto eu sei,

Meus amigos, só descendo!
*

Se eu mentir nunca menti

E a subir ninguém lá chega

"Que me irei feliz daqui"

Não direi, que a voz mo nega
*

E, à vida, quero-lhe tanto

Que por mais que vá doendo

Exalto-lhe a mágoa em canto

"Enquanto outros vão sofrendo".
*

Mª João Brito de Sousa

04.02.2023 - 20.30h
***