ATENÇÃO
*

Atenção, muita atenção

Ao que se está a passar

Neste atribulado V`rão

Que muitos de vós dirão

Ser só mais outro a findar
*

Porque este Inverno, ao chegar,

Vai impor-nos contenção

E, atenção, muita atenção:

Vão-nos gás e luz faltar

Por mais que jurem que não!
*

Mª João Brito de Sousa

28.08.2022 - 13.00h
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Poemeto em duas quintilhas criado para uma rubrica do Horizontes da Poesia

(variações em torno da palavra ATENÇÃO)

"JÁ DIZIA A MINHA AVÓ"
*

"Já dizia a minha avó"

Sempre que olhava em redor

Que este mundo dava dó,

Ia de mal a pior,
*

Que ora fazia calor,

"Já dizia minha avó",

Ora um frio castigador

Lhe punha o corpo num nó
*

E que pior que estar só,

Era amar sem que esse amor

-"já dizia a minha avó" -

Correspondesse em ardor,
*

Ou nos deixasse um sabor

A pitéu que apanhou pó

E a seguir ganhou bolor,

"Já dizia a minha avó".
*

Mª João Brito de Sousa

27.08.2022 - 12.15h
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Poemeto criado a partir de um verso/mote de Liliana Josué para uma rubrica de quadras com mote do Horizontes da Poesia.

FOLHA
*

Quis reler, folha por folha,

Como quem quer sem ter escolha,

O livro da minha vida

Mas vi que a Vida é que me olha

Como folha não colhida
*

Fiquei então dividida,

Mas pla tentação vencida,

Pus-me a escrever nova folha,

Que quero ver repetida

Até que a Vida me colha.
*

Mª João Brito de Sousa

21.08.2022 - 12.15h
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Poemeto em duas quintilhas criado a partir da palavra FOLHA para uma rubrica do Horizontes da Poesia.

"OS AMORES DE VERÃO"
*

"Os amores de Verão",

Ao contrário dos de Inverno,

Têm curta duração:

Não há V`rão que seja eterno!
*

Se não há céu nem inferno

"Os amores de Verão"

Perduram no beijo terno

Que os apaixonados dão
*

Seja amor, seja paixão,

Seja antigo ou mais moderno,

"Os amores de Verão"

Gravar-se-ão no caderno
*

Que trazemos sob o esterno

E se chama coração,

Pra lembrar, no tempo hodierno,

"Os amores de Verão".
*

Mª João Brito de Sousa

20.08.2022 - 10.30h
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Poemeto criado a partir de um verso/mote de Kim Marques para uma rubrica do Horizontes da Poesia

BOMBEIRO(S)
*

Nunca descansa o bombeiro

Que ora é o fogo, ora a cheia

A tomar-lhe, a tempo inteiro,

Toda a força que granjeia,

Que no risco é o primeiro
*

Quantas vezes calcorreia

O inferno de um braseiro

Onde um incêndio se ateia,

Para apagá-lo, o bombeiro,

Até que a morte o refreia?
*

Mª João Brito de Sousa

14.08.2022 - 12.45h
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Quintilhas criadas para uma rubrica do Horizontes da Poesia a partir da palavra BOMBEIRO.

"VAI QUASE A MEIO O AGOSTO"
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"Vai quase a meio o Agosto",

Está quase a acabar-se o Verão

Que em breve será deposto

Pela próxima estação
*

Muitas folhas cairão

"Vai quase a meio o Agosto"

E vê-las secas no chão

É para mim um desgosto
*

Que se espelha no meu rosto

E nas folhas que se vão...

"Vai quase a meio o Agosto"

Mas outros verões virão
*

Alegrar-me... ou talvez não,

Que eu apostar não aposto

Numa longa duração...

"Vai quase a meio o Agosto".
*

Mª João Brito de Sousa

13.08.2022 - 15.10h
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Eu com a Paloma na casa de Algés, fotografadas por meu pai, 1958

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Poemeto criado a partir de um verso/mote de Joaquim Sustelo para uma rubrica do Horizontes da Poesia

FÉRIAS
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De férias só vai quem pode

E eu escreverei uma ode

A quem consiga a proeza

De achar onde se acomode

Tanta crescente pobreza...
*

Eu farei férias à mesa

Da Barca de âncora presa

De um estro que em verso explode,

Por vezes com tal rudeza,

Que popa a proa a sacode.
*

Mª João Brito de Sousa

07.08.2022 - 14.30h
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"COM ALBUFEIRAS VAZIAS"
*

"Com albufeiras vazias"

E os grandes rios a secar

Vão somar-se epidemias

Às que já estão a grassar
*

E é tempo de perguntar:

"Com albufeiras vazias"

Quem perde... e quem vai ganhar?

Ele há muitas teorias
*

E pseudo-filosofias

Prontinhas a sustentar:

"Com albufeiras vazias"

E sem fruta no pomar
*

Nem água para o regar,

Nunca surgirão razias

Se mais ninguém se ralar

"Com albufeiras vazias".
*

Mª João Brito de Sousa

06.08.2022 - 21.00h
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Poemeto criado a partir de um verso/mote de Joaquim Sustelo para uma rubrica do Horizontes da Poesia

GRAÇA
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Nada tem agora a graça

Que em tudo via, em menina...

Não pára o tempo que passa

E, hoje, a miséria que grassa

Quem sabe a quem se destina?
*

Se uma vida desatina

Por má sorte ou por negaça,

Pode inda a vida ter graça

Quando outrem lhe determina

O valor, escondendo a traça?
*

Mª João Brito de Sousa

31.07.2022 - 20.30h
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