"A corrupção tem seus meios"

De roubar, saindo ilesa;

De corrupção estando cheios,

Nunca mais a vemos presa...
*
II
*

Roubando-nos tecto e mesa

"A corrupção tem seus meios"

De fazê-lo com destreza

E sem ter quaisquer receios...
*

III
*

Rouba casas e recheios,

Rouba "à grande e à francesa";

"A corrupção tem seus meios"

De até roubar a beleza!
*

IV
*

Se engorda, com ligeireza,

Bolsos que já estavam cheios,

De esvaziar os da pobreza,

"A corrupção tem seus meios".
*

Maria João Brito de Sousa - 24.04.2021 - 09.53h

*

Poemeto criado a partir de um verso-mote de Custódio Montes para uma rubrica do Horizontes da Poesia.

I
*
"A mente guarda segredos"

Que nem a mente conhece;

Vão de alegrias a medos

E, às vezes, passam a prece...
*
II
*

Aquilo que transparece,

- "a mente guarda segredos"-,

Não é bem o que parece

Vir-nos à ponta dos dedos
*
III
*

Nestes poucos arremedos

Em que a palavra se tece...

"A mente guarda segredos"

Que nem a si mesma of`rece
*
IV
*

Se bem que o verso se apresse

E se ultrapasse em folguedos,

Nem sempre o riso acontece;

"A mente guarda segredos"...

***

Maria João Brito de Sousa - 17.04.2021 - 10.16h

***

Poema criado a partir de um verso-mote de Otília Vieira para uma rubrica do Horizontes da Poesia

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Tela de René Magritte

I
*
"Ser servido ou servidor"

Num contexto hierarquizado,

É mote provocador,

Mote de peso pesado

*
II
*

Que deve ser bem pensado;

"Ser servido ou servidor"?

Se sirvo um mote glosado,

Serve-me o computador
*
III
*
E, assim, posso pressupor

Que, ao servir, terei ganhado;

"Ser servido ou servidor"

Pôs-me um dilema tramado
*
IV
*
Que deixaria de lado

Se não fosse tentador

Cometer este atentado;

"S(ou) servido (e) servidor".

*

Maria João Brito de Sousa - 03.04.2021 - 15.29h

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Poema criado para uma rubrica do Horizontes da Poesia a partir de um verso-mote de Liliana Josué.