ENTRE PILHAS DE LOIÇA SUJA
ENTRE PILHAS DE LOIÇA SUJA
*
De dor estou morta, tão morta
Que nem consigo entender
Se o meu corpo a dor suporta,
Se de dor está a morrer...
*
Mesmo “cega”, manca e torta,
Lavei, talher a talher,
Um faqueiro inteiro, absorta
No que tinha pra fazer;
*
Peça por peça lavei
Muito mais que o que sonhei
Que fosse humano lavar
*
Mas, às tantas, desisti
E à dor nas costas cedi
Antes de a loiça acabar...
*
Maria João Brito de Sousa – 20.04.2020 - 11.07h