NO SILÊNCIO EM QUE TO DIGO
NO SILÊNCIO EM QUE TO DIGO
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(oitavas)
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Vem! Vem sentar-te à lareira
Das cinzas do meu poente...
Vem, filho de toda a gente,
Que eu não sou mais que uma obreira
Destoutra estranha maneira
De ser rainha e servente
Da pequenez da semente
Perdida na sementeira.
*
Senta-te à mesa comigo,
Prova este pão amassado
Sobre as letras de um teclado
Que é meu prémio e meu castigo,
Pois, pra pão, falta-lhe o trigo
E o fermento de um trinado
Que se solte e soe ao fado
Do silêncio em que o mastigo.
*
Maria João Brito de Sousa – 25.11.2019 - 09.25h
Imagem retirada daqui