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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

ADEUS, 2018!

31.12.18 | Maria João Brito de Sousa

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ADEUS, 2018!

*



Num relógio que não tenho,

Tica-taca, os dois ponteiros

Vão avançando certeiros

Até que surja um desenho

Singular, mas nada estranho,

No qual ambos os roteiros

Convergem, ficando inteiros,

Como se iguais de tamanho.

*





Só por sessenta segundos

E duas vezes por dia

Um relógio contraria

Dogmas velhos e profundos,

Nascendo o melhor dos mundos

Da aparente apostasia

Em que esse instante os recria;

Dois num só, fortes, fecundos...

Depois retornam, rotundos,

Ao que antes os dividia.



*







Irmãos, erguei-vos e vinde!

São só doze badaladas

E doze passas tragadas

Antes de que o som se finde;

Nada há que se deslinde

Nessas taças levantadas,

Nos beijos, nas gargalhadas

Sem acanho, nem melindre,

Mas é tão humano, o brinde,

Quão festivas, as noitadas...

*





E os ponteiros – tica-taca -

Começando a aproximar-se

Dão início à tal catarse

Que a quase todos se atraca

Fortemente, como lapa

Que não queira desgrudar-se

E que faça por firmar-se

Quando um predador a ataca...

Os ponteiros, à socapa,

Estão mais perto de juntar-se.

*





Não fiz ainda a sangria

Com que ao ano brindarei...

Depois a prepararei!

Hoje aproveito a folia

Junto da Musa vadia

Que, por acaso, encontrei

A comer, do bolo-rei,

A penúltima fatia...

Farta está, já não vazia,

Mas muito enfartada a achei.

*





Tica-taca... olha os ponteiros,

Velha Musa esfomeada!

Vê se não comes mais nada

Até que esses dois sineiros

Façam soar, pioneiros,

A primeira badalada!

Não quero a noite estragada

Por teus gostos traiçoeiros

E dois bolos-rei inteiros

Vão deixar-te agoniada!

*





Tica-taca... ainda é cedo?

Dois ponteiros bem distantes

Solicitam-me uns instantes

Que eu de bom grado concedo. 

*





Maria João Brito de Sousa – 31.12.2018 – 19.07h

UM BRINDE AO ANO QUE ESTÁ QUASE A CHEGAR

30.12.18 | Maria João Brito de Sousa

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UM BRINDE AO ANO QUE ESTÁ QUASE A CHEGAR

*





Vagarosos, vagarosos,

Deuses de vários formatos,

Traçam seus planos abstractos,

Desatentos, mas teimosos,

Por vezes tão rigorosos

Que chegam a ser exactos

E sempre incluem maus tratos,

Onde lhes pedimos gozos...

Serão todo-poderosos,

Mas só fazem desacatos.

*





Nós, também. É bem sabido

Que “criado”e “criador”

Vão do melhor ao pior,

Nem sempre fazem sentido

Neste mundo dividido

Entre amor e a extrema dor

De quem seja seguidor

Ou de quem seja seguido...

Estará o mundo perdido

Nalgum mundo, em seu redor?

*



Não posso sabê-lo ao certo,

Nem me atrevo a responder...

Venha lá o que vier,

É melhor nem estar por perto

Se este mundo, armado em esperto,

Trocar amor por poder!

Se não me puder esconder,

Fico. Mesmo em espaço aberto,

Passarei por esse aperto

Sem nada poder fazer...

*



Entretanto, o tempo passa

E amanhã, quem diria?,

Passa um ano, à revelia

Até dos “donos da massa”!

Chega a ter alguma graça

E uns pózinhos de ironia,

Ver que não há fantasia

Nos planos que o tempo traça

Prá fase final da raça

Que se iguala, se tardia...

*







Maria João Brito de Sousa – 30.12.2018 – 15.57h























A LÍNGUA, A ACUIDADE VISUAL E AS ETERNAS "GRALHAS"

13.12.18 | Maria João Brito de Sousa

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A LÍNGUA, A ACUIDADE VISUAL E AS ETERNAS “GRALHAS”

*

Décimas



*

O poema tem funções

Que, escapando a muita gente,

Enchem a Língua vigente

De melódicas lições...

Que o diga o velho Camões

Que da Língua fez semente,

Se foi ou não pertinente

Dividi-la em orações,

Fortalecendo as noções

De uma base que a sustente.

*



Sendo pai da Língua nossa,

Foi-o sem nunca o saber

Porque, se a visse crescer,

Veria quão bela moça

Se fez a língua que adoça

Nosso falar e escrever...

Cuidá-la é também dever

Que cumpro sempre que possa;

Tento não deixar-lhe mossa

Se acaso nela embater



*



Por causa desta visão

De acuidade reduzida

Que me deixa dividida

Numa multiplicação

De esforços e de atenção,

Ou me torna retraída

E, às vezes, surpreendida

Por me ver na contra-mão

De uma estrada em construção

Sem entrada, nem saída.



*



Maria João Brito de Sousa – 13.12.2018 – 12.06h







DÉCIMO ANIVERSÁRIO DO BLOG

01.12.18 | Maria João Brito de Sousa

É com uma reedição, por pontual ausência da Musa, que eu assinalo o décimo aniversário deste blog dedicado à poesia em redondilha maior.

 

Não fosse a nossa amiga Azoriana e este décimo aniversário teria passado sem que eu desse por ele. Obrigada, Azor!

 

 

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Nas teias que o luar tece
Por cima dos pinheirais, 
Vez por outra me acontece
Ver longe e ver muito mais,
Mas, de quanto me aparece,
Nunca vi – nunca, jamais! –,
Nessas visões que ele m`oferece,
Razões que fossem normais…



Vi segredos bem guardados
De vontades por escrever
Atrás de mil cadeados
Qu`inda estão por conceber
Nos traços desencontrados
De enigmas por resolver,
Tão estranhamente esboçados
Que eu nunca pude entender
Por que me foram mostrados
Se não pedira pr`ós ver



Vi, nessas teias benditas
Que o luar teceu pr`a mim,
As mil coisas nunca escritas
Por mãos que fossem assim.



Vi verdades, nessas teias
Que o luar me quis mostrar
E, depois de as ler, deixei-as
Pr`alguém que as soubesse achar.



Vi letras de prata pura
Descrevendo esses pinheiros
Com a toda a casta ternura
Dos seus rebentos primeiros



Vi a vida que começa
No recomeço da vida!
Vi puzzles, peça por peça,
Sem me apressar na partida
E, como alguém que tropeça
Em causa desconhecida,
Vi tudo a crescer sem pressa
Ou foi-me a vista traída
Tal qual fosse apenas essa
A razão de eu estar perdida,
Sem certezas nem promessa
De encontrar uma saída…


Nas teias que o luar tece
À noite, sobre os pinhais, 
Vez por outra me acontece
Ver longe e ver muito mais,
Mas, de quanto me aparece,
Não pude encontrar, jamais,
Nas transgressões que fornece,
Questões que fossem banais

 

*

 

Maria João Brito de Sousa - 04.04.2012