VEM, QUANDO EU ESTIVER DEITADA...
VEM, QUANDO EU ESTIVER DEITADA...
(Décimas)
*
Morfeu, esse sedutor,
ao tomar-me nos seus braços
quase me fez em pedaços,
passou a ser um estupor
e, pior, muito pior,
aproveitou-me os cansaços
para, em vez de dar-me abraços,
lançar-me em fundo torpor
e pôr-me a gritar de dor
com tanto excesso de amassos...
*
Ah, não fosse eu gostar tanto
dos soninhos que me oferta,
passava a noite desperta,
pra quebrar este quebranto...
Mas tem Morfeu tal encanto
que sempre me leva à certa
pois, mal o soninho aperta,
fico rendida ao seu manto,
só acordo se me espanto
por ter feito a descoberta
*
De poder ser perigoso
dar-me assim, de mão-beijada,
completamente embalada
por um sono tão gostoso,
a quem não seja zeloso
com quem se deu confiada...
Mas, resistir acordada
ainda é mais doloroso,
portanto, Morfeu vaidoso,
vem... quando eu estiver deitada!
*
Maria João Brito de Sousa – 26.09.2018 – 12.00h