IMPACTO AMBIENTAL
IMPACTO AMBIENTAL
*
Aos gritos e palavrões,
Troquei-os por dois perdões
Num dia de tempestade;
Sopravam estranhas monções
E nenhuma alma se evade
À santíssima Trindade,
Quando enfrenta vagalhões...
*
Pedi, portanto, perdão
Por, não tendo para o pão,
Ter-me feito ao meu caminho...
Não ouvi nem sim, nem não,
Que o mar em redemoinho
Cuspiu muralhas de linho
Sobre a minha embarcação...
*
Perdão!, gritei para o mar!
Tanto me dava gritar,
Quanto ter estado calado,
Pois ninguém veio ajudar
E o mar redobrava o brado
Tumultuoso e zangado,
Sem tempo pra perdoar...
*
Os perdões foram pedidos,
Mas não foram concedidos,
Que isso tenho por bem certo!
Dizem sábios e sabidos
Que estando o céu encoberto,
O mar entra em desconcerto,
Nem aos deuses dá ouvidos...
*
Sem nada poder fazer,
Sem ninguém pra me valer,
Morri nesse exacto dia
À hora do recolher
Dos toques de Avé Maria;
Uma onda me lavaria
Perdões, pecados e ser...
*
Morri, como tantos mais,
Mas sem protestos, nem ais,
Porque posso garantir
Que, nos momentos finais,
Vendo não poder fugir,
Me calei pra reduzir...
Impactos ambientais!
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Maria João Brito de Sousa – 29.07.2018 – 17.12h
(Imagem retirada da net, via Google)