Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

A UM AMIGO QUE GANHOU TRÊS NETOS DE UMA ASSENTADA

28.03.18 | Maria João Brito de Sousa

podium.jpg

 

AOS TRIGÉMEOS DO JOAQUIM,

POR ORDEM DE CHEGADA



Qual dos três nasceu primeiro?

Eu aposto que, educado,

O Tomás não pôs de lado

Um gesto de cavalheiro

E ficou pra derradeiro,

Inda que sendo tentado

Pelo muito ambicionado

Título de pioneiro.



Não me falta a confiança,

Já que aposto na menina!

Apesar de pequenina,

Avançou, toda pujança,

(nada a prende e nada a cansa)

Porque uma mulher domina

Estas coisas da rotina;

A primeira foi Constança!(?)



Depois, o pequeno Gui,

Fez o percurso, também,

Entre a barriga da mãe

E quem o esperava aqui...

Apostei! Ganhei? Perdi?

Lanço a aposta a mais alguém,

Porque tudo o que sei bem

É que sei que nada vi...





Maria João Brito de Sousa – 28.03.2018 – 17.15h







 

PRIMAVERA, PRIMAVERA

23.03.18 | Maria João Brito de Sousa

chuva-38.jpg

 

PRIMAVERA, PRIMAVERA...



(acróstico em redondilha menor)



Primeiro chegaste

Radiosa, brilhante,

Idílica amante,

Mátria, quanto baste,

Amável gritaste

Vitória vibrante...

Erraste se errante

Rimaste o que erraste

Até que mudaste,



Pois, logo a seguir,

Recuaste insegura,

Impávida e escura,

Mudando o porvir,

Alerta ao sentir

Ventos, não ventura,

Embora a Natura

Ralhasse a sorrir:

- Andas a mentir!

 



Maria João Brito de Sousa

23.03.2018 – 13.42h

 

SOBREIROS QUE ASSOBIAM E HOMENS QUE GANHAM RAÍZES

22.03.18 | Maria João Brito de Sousa

Sobreiro que assobia.jpg

 

SOBREIROS QUE ASSOBIAM

E

HOMENS QUE GANHAM RAÍZES

 



Há sobreiros que assobiam

e homens que ganham raízes;

Há secas, incêndios, crises

e outros dramas que arrepiam

os que os viam – quando os viam...-,

nas bridas e cicatrizes

dos pardais, pombas, perdizes

que há bem pouco percorriam

azuis, nos quais se perdiam,

livres, selvagens, felizes...



Extingue-se uma espécie inteira,

mas quantos vão percebendo

quanto estamos, nós, perdendo

por fazermos tanta asneira?

“Não terá sido a primeira,

tanta vida vai morrendo...”,

lembra alguém numa cimeira

que não passa a referendo



Já que a mão do capital

(grande prestigitador...)

usa as armas do terror

e a anestesia geral

pra fazer passar o mal

sem que demos pela dor...

(nem sei qual será pior;

se este humano desamor,

ou se a chaga ambiental...)



Sei que tudo, tudo muda

neste universo (in)finito,

mas se da Terra oiço o grito,

não haverá quem me iluda

e se gritar pouco ajuda,

não dou dito por não dito,

solto este poema escrito

pra que alguém hoje sacuda

da dormência em que se escuda...

Sou poeta, inda acredito!

 

 

Maria João Brito de Sousa – 22.03.2018 – 19.05h

 

A CASA DA POESIA (no Dia Mundial da Poesia)

21.03.18 | Maria João Brito de Sousa

SINCELO.jpg

 

Minha casa é de sincelo,

vítrea, pequenina e fria

e eu, a quem tudo arrepia,

mesmo assim gosto de vê-lo

construindo algo de belo

na velha casa vazia

do tanto que antes havia,

do tanto que hoje, esquecê-lo,

erro fora e, a cometê-lo,

eu jamais me atreveria.





Na velha casa, congelo,

mas é grande a sintonia

entre quanto me avaria,

e este Inverno... só por sê-lo.

Nesta casa - o meu castelo -

há quanto eu desejaria,

que a minha filosofia

é ter pouco, é ser singelo,

é cuidar, com gosto e zelo,

da casa da Poesia!



Maria João Brito de Sousa

21.03.2018 – 11.8h

 

TUTU DE FEIJÃO

16.03.18 | Maria João Brito de Sousa

Tutu_feijao_mineiroooo.jpg

 

 

Quero um Tutu de feijão,

que ao bom “virado à paulista”

não creio que alguém resista

e eu não serei excepção!

 

Bem temp`rado e engrossado

com milho ou com mandioca,

se no ponto e bem temp`rado,

faz crescer água na boca!

 

Tutu paulista, ou mineiro

espalha, por todo o Brasil,

um cheirinho brasileiro

que não se esgota no Rio...

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 16.03.2018 – 14.00h

 

O DIA DO PI

16.03.18 | Maria João Brito de Sousa

PI.jpg

Ontem foi dia do Pi

Que o meu teclado não tem...

Ou fui eu que não vi bem

E que nem sequer o vi?



É número irracional

E eu, que racional nasci,

Sentir-me-ia bem mal,

Caso o não trouxesse aqui



E se fujo aos dias ditos

De acordo comercial,

Aos do “pi”, que acho bonitos,

Não vejo razão pra tal...



Viva o Pi! Raio da Terra

Quando ao quadrado de si

Se eleva e depois nos ferra

Com a vastidão do Pi!



Maria João Brito de Sousa – 15.03.2018



 

 

ISCAS COM... GRALHAS

14.03.18 | Maria João Brito de Sousa

 

 Que ricas, que ricas iscas

Sem gralhas, mas com batatas!

Boas em todas as datas,

Como as velhas pataniscas

Que às pessoas mais ariscas,

As do "ragôut" e das natas,

Os ditos aristocratas

Que não tocas, nem beliscas,

Parecem coisitas piscas,

Mas, pra mim, que uso alpercatas,



Ou sandálias, pois então!,

São verdadeiro manjar,

Pitéus para degustar

Até à... indigestão,

Não fora a dona Razão

Dizer que é melhor parar,

Que ir atrás do paladar

Sem lhe meter um travão,

É não ter em atenção

O que a razão nos ditar...



Embora, em tempos antigos,

Só comesse “haute cuisine”,

Hoje, isso não me define

E, agora, até como artigos,

Verbos, vírgulas... amigos,

Perdoai que eu desafine

E que, às vezes, desatine;

Troco fonemas por figos,

Nem sequer vislumbro os p`rigos

Por muito que raciocine,



Me concentre e tente vê-los,

A verdade é que me escapam

E entre os figos se me alapam...

Eu fico pelos cabelos;

Tento construir castelos,

Nascem gralhas que derrapam

Na rigidez dos meus zelos...

Mais valera nunca erguê-los,

Mas, alguns, a mim se atracam

Qu`rendo ver se se destacam,

Se vão, ou não, crescer belos...



O tal “dolce fare niente”

Não foi feito para mim,

Embora esteja no fim

Do meu percurso de gente...

Enfim, serei imprudente,

Mas prossigo mesmo assim!

Que hei-de fazer se o jardim

Já não está tão florescente,

Nem mais, como antigamente,

Cheira a cravo e a alecrim

Um chão que foi benjamim

De alguém bem mais competente?





Maria João Brito de Sousa – 14.03.2018 -15.48h

 

GRALHAS.jpg

 

 

COM DEFEITO DE FABRICO

14.03.18 | Maria João Brito de Sousa

ROUAULT.jpg

 

Sou bicho mal acabado

Com defeito de fabrico...

Muito me esforço e me estico

Pr`aguentar, deste legado,

O peso, o peso pesado

Que, contudo, não critico;

Estou neste “fico, não fico”

Que me vem desde um passado

Há muito tempo traçado

Por um gene “mafarrico”...



Ponta abaixo, ponta acima,

Feita em cima do joelho,

Tudo, em mim, está gasto e velho,

Não sou nenhuma obra-prima

E se sou forte na rima,

No demais... não me aconselho!

No entanto, é bem vermelho

O coração que me anima

E, batendo, me sublima,

Desde que não me olhe ao espelho,



Porque se ao espelho me olhasse

E ao meu reflexo imperfeito

Guardasse dentro do peito,

Talvez de mim não gostasse

E um reflexo me bastasse

Pra não ver senão defeito

Quando tendo, afinal, jeito,

Não deixo que o tempo passe

Sem opor-me ao desenlace

Com mais um verso escorreito...





Maria João Brito de Sousa – 14.03.2018 – 11.02h

 

NO FIO DA NAVALHA

12.03.18 | Maria João Brito de Sousa

MAROMBA.jpg

 

Quase nunca em desespero,

Empunho a vara do espanto

E enfrento o medo sem pranto

Que o não aceito, nem quero,

Pois se outra vida não espero,

Espero, ainda que em quebranto,

Equilibrar, por enquanto,

Este tanto em que me esmero;

Um deslize e volto ao zero,

Piso em falso e... tombo tanto



Que o próprio ar se me esquiva,

Muito embora este meu Tejo,

Este Tejo que protejo

E me tornou criativa,

Possa erguer-se em onda altiva

Pra receber-me num beijo

Já que, vendo o que eu mal vejo,

Sabe que quanto eu desejo

É, pelo fio, chegar viva



Ao cabo desta navalha

Que a vida me concedeu

Porque, à maromba*, fui eu

Quem, mais falha, menos falha,

Com mais gralha, ou menos gralha,

A moldou e a escolheu

Sem fazer grande escarcéu;

“Num agulheiro, achei palha”...

Vá, dá cartas e baralha,

Que eu mais não tenho de meu!





Maria João Brito de Sousa – 12.03.2018 – 16.22h

 



*MAROMBA – do árabe mabruma, vara usada pelo equilibrista para se manter na corda bamba, situação dificilmente suportável

 

Imagem retirada da Web, via Google

 

CRIPTIDENTIDADE(S)

08.03.18 | Maria João Brito de Sousa

oyster_shell-300x228.jpg

 

Sou estranha, já percebeste…

Sou tonta como a criança

Que dá dois passos de dança

E, logo a seguir, te afiança

Que tem um dom que é celeste

 

 E esquiva como um felino,

Territorial, ciosa

Dessa coisa misteriosa,

Insondável, preciosa

Que é o seu próprio destino,

 

 Sou qual pássaro nocturno

Que não deixa de cantar

Se a noite o quiser calar

Ou se o Inverno chegar

Gelado, irado e soturno...

 

 Sou de sonho e fogo e terra

Mas, se me fecho, sou ostra

Que não fala, nem se mostra

E, ainda que dando à costa,

Só bem morta se descerra.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa -2010

 

 

Pág. 1/2