APOGEU POÉTICO AVL
Patrono : Florbela Espanca
Acadêmico : Maria João Brito de Sousa
Cadeira : 06
Apogeu Poético : Homenagem Póstuma a António Aleixo.
Tema : Poeta Visionário.
MOTE
"Sem ter chicote nem vara
Manda-me a minha razão
Atirar versos à cara
Dos que me roubam o pão."
António Aleixo
In "Este Livro Que Vos Deixo"
SEM TER CHICOTE, NEM VARA...
(Décimas)
I
"Sem ter chicote, nem vara",
Tenho, porém, munições
E sobejam-me razões
Pr`afirmar, de forma clara,
Que, à má-fé, ninguém me pára
Com lentilhas... nem milhões!
Há pr`aí tantos ladrões
Que a gente já nem repara
Se com ladrões se depara
Nos caudais das multidões!
II
"Manda-me a minha razão",
Que é excelente conselheira,
Que não vá sem vara à feira,
Porém, se vejo um ladrão
Vir na minha direcção,
Sigo em frente, sorrateira,
Nunca caindo na asneira
De baixar, de todo, a mão
Onde guardo a "munição"
Esculpida à minha maneira;
III
"Atirar versos à cara"
- nunca pedindo perdão! -
Deixa mossa no vilão
Que pr`á fuga se prepara...
Mais o firo, sem ter vara,
Do que com vara, ou bastão!
"Dá de frosques"*, o poltrão,
Que um bom verso é coisa rara;
Fere, infecta e forma escara,
Nem que acerte de raspão...
IV
"Dos que me roubam o pão",
Não terei misericórdia!
São escória dessa mixórdia**
Que envergonha uma nação
E, tendo uma rima à mão,
Assim que surja a discórdia
- se se não lembra recorde-a
porque a não recorda em vão... -,
Zurzirei cada ladrão
Com mil quadras de (in)concórdia!
Maria João Brito de Sousa - 12.11.2016 - 17.12h
* Dar de frosques (popular) - Fugir, bater em retirada...
** Mixórdia - Misturada, bagunça, miscelânea...