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http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

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EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

GLOSANDO UM POEMA EM SEXTILHAS DA AUTORIA DE ALICE MENDES

25.10.16 | Maria João Brito de Sousa

Dona Morte 2.jpg

 

QUANDO EU MORRER...

de
Alice Mendes

 

 

Se eu pudesse escolher
Um dia para morrer
Queria-o solarengo
Assim como uma aguarela
Arco-íris em janela
De outra forma, não entendo.

Quando esse dia chegar,
Sei que não vou cá ficar
Quero ir bem esticadinha…
Bastam as rugas da vida
Quanto mais inda esta lida
De não ir bem bonitinha.

Para mim, chega uma flor
Que me acompanhe onde for
E perfume o meu caminho…
Sei que não vou andando
Ganhei asas, vou voando
Como um lindo passarinho.

Depois, lá onde eu estiver,
A minh’alma de mulher
Continuará a sorrir.
Irá olhar para o mundo
E num cantinho bem fundo
Verá outros a partir.

É sina que a todos cabe
Mas, o qu’inda ninguém sabe
É o que depois se passa…
Com os pés juntos iremos
Aqui, jamais os movemos
E lá? Será que tem graça?

 

Alice Mendes

25.10.2016

 

 

HISTÓRIAS DAS MIL E UMA NOITES


(Para "entreter" um pouco a dona Morte.)

"Se eu pudesse escolher,"
Quereria não morrer
Dentro dos próximos anos,
Porém, o que há de mais certo
É, vendo a morte por perto,
"Levá-la à certa", entre enganos...

 

Quando esse dia chegar,
Não mais podendo enganar
A velha da foice negra,
Que remédio posso ter,
Se não fazê-la entender
Que quero fugir à regra?

 

"Para mim, chega uma flor",
Mas ela sabe de cor
Estes "truques" dos mortais,
Vai fazer-me ouvidos moucos
E eu, que vou morrendo aos poucos,

Já gastei truques demais...

 

"Depois, lá onde eu estiver",
Faz de mim quanto quiser...
No que toca aos meus poemas,
Não lhes vá tocar, porém!

Mate, se isso lhe convém,

Não me arranje é mais problemas!

 

"É sina que a todos cabe";
Não há quem nunca se acabe
Nesta existência pautada
Por tristezas, alegrias,
Convicções e nostalgias
E uma ou outra gargalhada...

 

 

Maria João Brito de Sousa - 25.10.2016 - 14.25h

IMPROVISOS

22.10.16 | Maria João Brito de Sousa

Eu remo, meu capitão!.jpg

 

“- Eu remo, meu capitão,

Mas, cá por dentro, o meu medo

Vai-me soprando, em segredo,

Rumores de conspiração

Que dizem que remo em vão,

Que, mesmo em frente, um rochedo

Nos abalroa tão cedo,

Quão tarde eu diga que não...

Forças do braço e da mão,

Não nos salvam... reze um credo!”

 

“ -  Segue em frente, ó remador

Que agoiras tal desventura!

Não cabe à glória futura

Ter espaço pr`a espanto e dor!

Eu, que sou teu superior,

Quero é cega compostura,

Remada firme e segura,

Coragem, esforço e suor!

Esquece os presságios, que horror!

Obedece,  ó criatura!”

 

Três ondas não são galgadas,

Eis que um rochedo letal

Vem pôr o ponto final

Nas controvérsias lançadas,

Porque, pr`ás ondas, são nadas;

Medo ou glória... é tudo igual...

Montanhas de água com sal,

Não são partes int`ressadas

Das causas  reivindicadas

Por carne humana e mortal...

 

Porém, naquilo que eu escrevo,

Cada enredo é todo meu

E  juro que não morreu

O que remava, a quem devo

A mesma história em que o levo

Ao ponto onde ele recolheu,

Duma barrica e de um pneu,

Qualquer coisa a que me atrevo

Chamar, com estúpido enlevo,

Jangada... e vinda do céu!

 

Enredos efabulados,

Vindos de onde eu decidir,

Mesmo absurdos, podem vir!

Há sempre uns versos guardados

Nos tempos mais inspirados

E, enquanto a rima fluir,

Nunca os nego a quem pedir...

Aqui vos ficam lançados

Num final dos mais“forçados”

Com“metro”  pronto a escandir...

 

 

Maria João Brito de Sousa – 18.01.2015 – 18.58h

GLOSANDO A POETISA ALICE MENDES

18.10.16 | Maria João Brito de Sousa

coração.jpg

LEILÃO

 

 

Está à venda um coração                                           

Já no próximo leilão                                   

P'ra quem o quiser comprar.                        

Ainda está em bom estado,                         

Nunca ele esteve parado,                             

Motor... Sempre a trabalhar.                       

                                                                    

Tem a cor avermelhada

Cor de sangue acentuada                     

Em momentos de paixão.                              

Batimentos desiguais,                                    

Estremecem por demais                               

Para alterar a tensão. 

 

Tem quatro partes distintas

Já não é de meias tintas

Está treinado no amor…

Tem uma capa de ternura

Sabe sorrir com doçura

Chora com saudade e dor…

 

Está à venda por bom preço,

Só não se vira do avesso

Isso não faz… Jamais!

Ora calmo ora agitado,

Espera que seja do agrado,

Dos senhores… QUEM DÁ MAIS!?

 

 

 Alice Mendes

 

15.10.2016

 

 

 

 REMATE

 

 

"Está à venda um coração"?

Eu não te digo que não,

Mas só to peço emprestado

Pois, comprar, compro a cabeça

Pr`a sondar, peça por peça,

As razões deste legado...

 

"Tem a cor avermelhada",

Que é a mais adequada

Ao bom músculo estriado

Que nos serve o corpo inteiro,

Mas... se eu não tiver dinheiro,

Não to compro, nem estragado...

 

"Tem quatro partes distintas",

Condiciona quanto sintas

E bombeia sem cessar

O sangue que te dá vida;

Sem coração, estás perdida,

Ninguém te pode salvar...

 

"Está à venda por bom preço",

Dizes, logo no começo,

Deste teu estranho leilão,

Não sabendo - ou por sabê-lo... -

Qu`esse órgão, sendo singelo,

Cumpre uma vital função...

 

Maria João Brito de Sousa - 18.10.2016 - 09.35h