O CUME DO BEIJO
O BEIJO DO CUME
Eu, sobre o cume do monte,
E tu, de baixo, acenavas...
Quis ver se ao cume chegavas,
Pr`a irmos do cume à fonte,
Mas não havendo uma ponte,
Não mais o cume alcançavas...
Eu, vendo que demoravas,
Gritei que o tinhas defronte,
Bem na linha de horizonte...
Tu, nem o cume enxergavas!
Por fim, ao cume chegaste!
Eu, que temera perder-te,
De, contente, ousei dizer-te:
- Este cume conquistaste
No momento em que o pisaste
E ao cume hás-de prender-te!
Depois, para receber-te,
Beijei-te e tu me beijaste;
No cume os depositaste,
Aos beijos que eu quis ceder-te!
Tantos ao cume subiram,
Nenhum o cume beijou!
Se um, o cume conquistou,
Dos muitos que ao cume aspiram,
Mil, sobre o cume, mentiram!
Eu, se sobre o cume estou,
Foi porque o cume aceitou,
Não porque outros decidiram!
Nunca mais do cume tiram
Quem neste cume osculou!
Maria João Brito de Sousa - 14.04.2016 - 01.00h
NOTA - Décimas inspiradas no poema "As Rosas do Cume" de Arlindo Rabelo.