POETA
(Décimas)
Do que me caiba saber,
Desse pouco, ou desse tanto,
Há-devir-me um tal quebranto
Que mais não queira dizer
E mais não possa fazer
Do que enfrentar riso, ou pranto,
Ao despedir verso e canto
E esperar que outro prazer
Me possa fazer esquecer
Lucidez, firmeza e espanto...
Sei que bem poucos me entendem,
Mas, desses poucos, sei lá
Se, de repente, lá está
Um dos tais que não se ofendem...
Quem sabe, dos que me emendem
Nos versos que "Deus dará",
Nas rimas que mesmo Alá
Jurará que, à vida, o prendem,
Mas que bem sei que não rendem
Nada (do lado de cá...)...
Disto, que agora vos digo
Tão só porque me ocorreu
Pensar “nisto” (que sou eu...),
Há-de sobrar-me um respigo,
Um resto, um versito amigo
Desta que “em versos viveu”
E nada vos prometeu
Senão, vetusto, o castigo
Das discordâncias de artigo
E algum talento... só meu!
MariaJoão Brito de Sousa – 16.01.2015