Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

http://asmontanhasqueosratosvaoparindo.blogs.sapo.pt

EIS AS MONTANHAS QUE OS RATOS VÃO PARINDO

por muito pequenos que pareçam ser... NOTA - ESTE BLOG JAMAIS SERVIRÁ CAFÉS! ACABO DE DESCOBRIR QUE OS DOWNLOADS SE PAGAM CAROS...

RATIO/CUORE

16.07.14 | Maria João Brito de Sousa

RATIO/CUORE
*


Lá fica a douta Razão

Incapaz de se afirmar

E sem se poder expressar,

Quando o louco Coração

Vem, tomado de paixão,

Impor-lhe quanto pensar

E, tomando o seu lugar,

Provoca a contradição

Entre a objectivação

E a paixão que o comandar...
*


Claro está que a solução

Prá coisa se controlar

E a disputa se acalmar

Nem sempre se encontra à mão

Mas, com tanta dissensão,

Há que saber encontrar

Forma de os equilibrar

Ou certo será que, então,

Sem lugar prá dissuasão,

Se acabem por confrontar
*


Chegando mesmo à agressão

Numa ânsia de conquistar,

Persuadir e derrotar

Que os foi tomando à traição

E, de cada, fez ladrão

Que ao outro tenta roubar

Prá seguir o despojar

Da legítima ambição

Ou da mera inspiração

Que, em si, possa transportar
*


O pior da situação

É quando um pede, a chorar,

Que o deixem continuar

E, a outra, a compensação

Pelo excesso de emoção

Que assim fez desatinar

E quase descarrilar

A sua concentração,

Conspurcando a isenção

Do que tentou demonstrar!
*


Maria João Brito de Sousa

12.07.2014 - 19.01h
***



IMAGEM - Tela de Pablo Picasso (fase azul) dedicada ao seu amigo Sabartés

 

DANDO UM ROSTO À VOZ QUE TENHO - Décimas

07.07.14 | Maria João Brito de Sousa

 

Que coisa eu fiz - ou não fiz… -,

Que às coisas que tenho feito

Juntasse nódoa ou defeito

Ou dissesse o que eu nem quis?

Do que o bom senso me diz,

Repito aquilo que aceito;

Ser e estar deste meu jeito

É que me torna feliz

Mesmo ferindo a cicatriz

De algum velho preconceito…

 

Nesta postura me privo

Duma “imagem” que convém

A quem fuja do desdém

De uns – poucos… - com quem convivo,

Mas, se um só ficar cativo,

A mim só me fará bem

Ir um pouco mais além

Sem prender-me ao velho arquivo;

Antes, num poema esquivo,

Dou rosto à voz que o contém!

 

Se frontalmente me assumo

Dando corpo à voz que tenho,

Se escrevo e nem me detenho

Nos planos de um novo rumo,

Se é tão pouco o que consumo,

Se outro rumo, sendo estranho,

Parecer franzir-me o cenho

Como se eu, mero resumo

Da tal “obra” em que me aprumo,

Fosse o que eu própria desdenho,

 

Por quê fingir-me dif`rente?

Pr`a quê “morna e colorida”

Se, directa e desabrida,

Digo tanto a tanta gente?

Pobre, mas nunca indigente,

Pardal bravo ou fera ferida,

Não procurarei, na vida,

Muito mais do que a semente

Que as mais das vezes faz frente

À aridez mais ressequida!

 

 

Maria João Brito de Sousa – 06.07.2014 – 18.33h